Calçadas para postes ou pedestres? – Burrices Urbanas
Burrices Urbanas

06
maio
Publicado por admin no dia 06 de maio de 2019

Poste em calçada estreita Foto: Carlos Augusto Grave


Postes são verdadeiros obstáculos para a circulação e segurança dos pedestres e também para “limpeza” e melhor visibilidade da paisagem urbana.

Originalmente, até os anos 1970, eles serviam para suportar as redes de distribuição de energia elétrica, cabos de telefonia e as redes de alimentação de bondes e trólebus. Mais tarde, entraram em cena as redes de tevê a cabo e os cabos de fibra ótica, com suas caixas de conexões, amplificadores e toda uma parafernália que empesteia a paisagem urbana.

Além dos postes principais, em geral de concreto, há uma também uma infinidade de outros postes, de todos os tipos e materiais, que compõem a sinalização urbana, para suporte de semáforos, iluminação pública, placas de ruas, lixeiras e outros itens. Para aumentar a visibilidade, alguns são pintados de cores fortes, pichados ou acabam funcionando como suportes de publicidade. Na prática, se transformam em uma parafernália catatônica de objetos de comunicação. Geram mais confusão do que orientam.

Embora a colocação do posteamento pareça ser feita de forma aleatória, na verdade cada um desses elementos obedece a um projeto. O problema é que os projetos (e seus autores) não conversam entre si, o que resulta numa “teia de postes” nas calçadas: em algumas esquinas de São Paulo já contamos quarenta ou mais desses postões e postinhos. É difícil e até perigoso caminhar através dessa rede de obstáculos físicos, presentes em cada quadra de nossos passeios.

Mas, enquanto houver distribuição de energia e comunicações por fios e cabos aéreos, esse será um mal necessário. A solução obviamente, seria o enterramento desses equipamentos, mas considerando os custos e as dificuldades técnicas dessa alternativa, ainda teremos que conviver com postes e fios por muito tempo.

Assim, resta exigir (e isso cabe às prefeituras) que as concessionárias respeitem as regulações municipais e que levem em conta os critérios civilizados de mobilidade, estética e segurança: em suma, postes não devem impedir o acesso aos imóveis e nem dificultar o livre e seguro trânsito dos pedestres, incluindo cadeirantes, cegos, pessoas idosas e carrinhos de bebês.

 

Mostramos a seguir alguns exemplos desses problemas:

• Rede aérea de distribuição de energia e comunicações

Apesar de ser considerada a maneira mais econômica para
a distribuição de energia elétrica, convenhamos que não é
a maneira mais inteligente, segura e bela de suprir esse
importante meio da infraestrutura urbana.
Postes, cruzetas, transformadores, rolos de cabos, caixas
de inspeção e de passagem parecem não ter nenhuma
disposição de dialogar e compor com o tecido urbano
e os demais equipamentos da cidade.

• Gatos elétricos

Por falar em distribuição aérea de energia e excesso de
postes, vejam até aonde chega esse nível de insegurança
e poluição visual. Essas situações nascem da “guerra” entre
as concessionárias de energia, as donas dos postes e as várias
outras empresas de comunicações que alugam as passagens,
além da pobreza ou esperteza de alguns usuários marginalizados.

• Conflito rede aérea x arborização

Espécies inadequadas, violências nas podas, que ignoram
natureza e o desenvolvimento das arvores, constituem um
atentado à paisagem urbana. Tudo para manter a fiação
livre. Mas, como já mostramos aqui, existem hoje arranjos
mais compactos, com cabos isolados, que podem reduzir as
interferências com os galhos de árvores.


Propostas e caminhos de solução

1. Com apoio de profissionais especializados, buscar a
limpeza, racionalidade, disciplina e fiscalização na
organização de todo o posteamento existente, a cargo
das concessionárias.

2. Eliminar os postes excessivos, “mortos”, bem como
de todas gambiarras, gatos e penduricalhos de propaganda
ou faixas.

3. Realizar estudos para para disciplinar o uso da fiação
aérea existente. Há um verdadeiro comércio no uso dos
postes entre as concessionárias, que sobrecarregam seu
uso original e aumentam a poluição visual.

4. Num segundo momento, elaborar um plano de enterramento
de toda a fiação da cidade, pelo menos nos seus pontos mais
importantes e nos corredores com grande fluxo de pedestres.
Há exemplos bem sucedidos de áreas comerciais urbanas,
que experimentaram essa solução, financiada pelos próprios
comerciantes, com ótimos resultados.

5. Evitar a arborização no lado da rede de energia aérea, ou
pelo menos, adotar plantas de menor tamanho, que não
interfiram com a fiação.

Todas vão na direção do enterramento dos cabos e fiações,
como já realizado nos anos 1940 no Centro, na avenida
Paulista, e mais recentemente, na rua Oscar Freire, em São Paulo. 


Dúvidas, sugestões?

Escreva para o Edison Eloy no email edisoneloy@terra.com.br



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Com a palavra...
Burrices Urbanas Edison Eloy de Souza é um experiente arquiteto urbanista formado em 1965 pela FAU/USP, com mestrado pela Universidade São Judas. Trabalhou em planejamento urbano, em projeto e construção de edificações, foi professor universitário em várias instituições, e diretor de entidades profissionais, como o Instituto de Arquitetos do Brasil e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo. Autor de livros e artigos em publicações especializadas brasileiras, Edison é sobretudo um observador atento das belezas e problemas comuns às ruas e praças do Brasil.
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