Artigo originalmente publicado por Christian McWilliams, no TheCityFix.com, em 09/08/12.
No Copanhagenize.com, conheci um vídeo ótimo feito pelo ITDP (Institute for Transportation and Development Policy) do México. A produção resume muito bem, em menos de quatro minutos, o grande problema do planejamento urbano não-integrado e centrado no automóvel. Países em desenvolvimento com o mercado automobilístico em ascensão, como Índia, China [e Brasil], poderiam usar este aviso para levantar a grande questão: o que é mais importante, o barateamento ilusório do carro ou cidades mais saudáveis, menos estressantes e mais limpas?
Como você pode ver, apenas construir mais estradas não é uma estratégia eficaz. Pode até ser uma receita para a decadência. Por outro lado, medidas como: fornecer várias opções de acesso público aos centros econômicos e aplicar incentivos negativos ao uso do carro, tais como taxação do congestionamento – como em Singapura e Londres, onde carros são cobrados pelo uso de vias públicas durante as horas de pico – reduziram com sucesso os problemas de trânsito. O mesmo vale para gerenciar corretamente o estacionamento e as leis de trânsito. Estes métodos também geram ganhos em fundos para manutenção das ruas, reduzem os custos com saúde e aumentam a eficiência econômica da cidade.
Um estudo da IMPRINT EUROPE confirma que o sistema de taxação de congestionamento de Singapura, iniciado em 1975, reduziu o tráfego em zonas específicas em mais de 30% até 1988, forçando o fluxo de carros que passavam por ali a procurar outras rotas. Esta queda ocorreu mesmo com o aumento de 77% nas vendas dos automóveis e o terceiro crescimento dos empregos. A expansão para o atual sistema eletrônico que cobra por carro aumentou ainda mais a eficiência do fluxo de tráfego.
De forma parecida, como discutido em 2007 em seminário organizado pela EMBARQ (produtora do TheCityFix), o plano de taxação de congestionamento de Londres fez com que o tráfego reduzisse em 26% nas zonas restritas, durante os primeiros três anos.
Outras ideias do gênero existem sem as taxas. Copenhague está iniciando um projeto piloto que vai contra o senso comum, de cortar a poluição do ar, mantendo os carros esperando no sinal vermelho. A ideia é que técnicos meçam a poluição da cidade e mudem padrões de tráfego e dos sinais quando a qualidade do ar estiver deteriorada até certo ponto. Os motoristas seriam informados por e-mail, textos, mídias sociais ou fontes de notícias que os semáforos verdes e vermelhos durariam mais ou menos naquele dia, assim, poderiam considerar a opção de utilizar transporte alternativo.
Em última análise, o objetivo é dar opções. Planejamento e gestão não podem ser focados na construção de mais e mais estradas, porque só levará de volta para os mesmos problemas em uma escala ainda maior. Fornecer ciclovias, ônibus, metrô e outras opções de transporte público, juntamente com as restrições que fazem as pessoas pensarem duas vezes antes de entrar em seus carros são soluções reais para as cidades congestionadas e poluídas.