Registrar reclamações sobre os serviços de ônibus em tempo real para que as gerenciadoras públicas e as empresas operadoras de transporte tenham acesso imediato e possam fazer intervenções rápidas. Compartilhar os problemas de momento com outros usuários, para que eles se programem a tempo de mudar de rotas ou mesmo esperar outra condução.
Essas são algumas das propostas do aplicativo colaborativo desenvolvido pelos irmãos Gustavo Sales e Matheus Sales, da equipe Sales Soluções, e que surgiu na primeira Hackatona EMTU/Metra de tecnologia para mobilidade urbana.
O julgamento final ocorreu na tarde desta quinta-feira (23), na semana de mobilidade da UITP – União Internacional de Transporte Público para a América Latina em São Paulo.
A proposta foi a vencedora entre três finalistas. Os irmãos, que estudam na Fatec, além de contarem com o apoio da EMTU e Metra, que serão incubadoras do projeto, irão participar da Hackatona Mundial, durante o Congresso Mundial da UITP, entre 15 e 17 de maio em Montreal, no Canadá.
O aplicativo
Com o projeto dos irmãos Sales, o passageiro pode, por exemplo, informar pelo aplicativo que seu ônibus está muito lotado e os demais usuários, que estão esperando, podem se programar para esperar um mais vazio.
Também há a possibilidade de relatar desvios de rotas, atrasos e acidentes. É possível ainda informar os motivos dos problemas. Por exemplo, quando o ônibus não passou em determinado ponto, pode ter havido um acidente, uma manifestação ou uma obra. Com isso, os passageiros trocam informações entre eles.
O usuário do sistema de transportes também se torna de fato um fiscal, pois com a ferramenta tem a possibilidade de anotar o que está acontecendo e ter seu registro visto pelas autoridades de transportes e as operadoras. Ele pode relatar atrasos, superlotação, estado de conservação e limpeza do veículo, e até a conduta dos motoristas e cobradores.
Os relatos dos passageiros ficam armazenados e, se forem reincidentes em determinados dias e horários, são indicativos de que existem problemas crônicos que necessitam atuação dos setores de planejamento das empresas e gestoras.
“É preciso melhorar a comunicação entre o usuário e as empresas de transporte público. Isso a tecnologia pode fornecer e de maneira relativamente barata. Às vezes, a gente vê São Paulo, por exemplo, que investe ‘toneladas’ de dinheiro e, mesmo assim, tem problemas. Os usuários precisam se expressar. Esse é o nosso objetivo”, explicou Matheus Sales.
Hackatona
Segundo o presidente da EMTU, Joaquim Lopes da Silva Júnior, em continuidade à Hackatona será desenvolvido um Laboratório de Mobilidade Metropolitana.
As três iniciativas que chegaram à final contarão com uma incubadora e as ideias serão apoiadas pela EMTU e Metra e desenvolvidas para posterior aplicação. Ainda não há um prazo para que as soluções sejam implantadas.
São os seguintes os dois outros projetos finalistas:
O aplicativo “Melhor Caminho”, para deixar mais eficiente o serviço Ligado, desenvolvido pela equipe Computer Society. Pelo celular, em tempo real, o usuário pode saber a rota que será feita no dia, já que os itinerários são variáveis, saber o tempo de chegada da van à casa do beneficiário ou mesmo avisar de maneira mais rápida quando a criança vai faltar na escola, evitando trajetos desnecessários da van.
Já a equipe Top Dow apresentou uma solução chamada Milênio Bus, que mescla software e hardware para compartilhar informações, como superlotação dos ônibus. Câmeras são instaladas nos veículos e geram imagens do interior do ônibus, preservando o rosto das pessoas, compartilhando em tempo real a situação do coletivo nos celulares dos passageiros. Há contadores de passageiros que identificam os locais de maior demanda. A solução também prevê a instalação de leitores na entrada e na saída do veículo para que o passageiro possa pagar apenas pelo trajeto que percorreu e não a tarifa cheia da linha.
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