Cobra-se muito do governo para que melhore as rodovias. Quase todas as reclamações recaem sobre a falta de ferro-vias para tirar os caminhões das estradas. Mas se observarmos melhor veremos que o transito urbano nas capitais está ainda pior que as rodovias.
São Paulo tem engarrafamentos diários de dezenas de quilômetros e nos grandes feriados, então, os engarrafamentos formam uma fila de mais de uma centena de quilômetros.
Brasília, a capital do país, com suas ruas e avenidas traçadas para dar fluxo contínuo e rápido aos automóveis e ôni-bus, assim mesmo, a partir das 18 até as 21 horas, a cidade entope. Apesar das facilidades que os motoristas encontram aqui na Capital Federal para abandonar as grandes avenidas e continuarem avançando por vias paralelas, nunca conse-guem fazer o mesmo percurso sem perder, pelo menos, uma hora a mais todos os dias ao final do expediente.
Oscar Niemeyer quando projetou Brasília não incluiu nas possibilidades futuras da cidade um metrô para transportar passageiros das cidades satélites. Hoje Brasília tem um metrô, mas como os demais metrôs brasileiros carece de ampliação; de modernização e de mais investimentos, muitos e grandes investimentos.
A solução do tráfego urbano de Brasília, assim como as demais capitais brasileiras é implantar um bom transporte coletivo, como os que se vê em todas as grandes cidades do mundo. E o melhor transporte coletivo é o metrô. Essa seria a melhor maneira para a redução do número de automóveis nas ruas das cidades.
Brasília é uma das cidades onde o povo se esforça para que o trânsito seja preferencial aos pedestres. Como se pode notar, aqui os pedestres estão exigindo a preferência sobre os automóveis nos cruzamentos. Ao colocar os pés na faixa de passagem, os motoristas são obrigados a parar seus carros e esperar que a pessoa atravesse a via pública, mesmo que nessa rua não tenha semáforo. Os brasilienses estão certos ao obrigarem uma maior humanização do trânsito, até porque isso é modernidade.
E por falar em modernidade foi o que deparei aqui em Brasília no STJ, Superior Tribunal da Justiça. Estive na posse do novo ministro Marco Aurélio Buzzi e numa solenidade prestigiada pelos mandatários de todos os demais poderes, o presidente, após a posse declarou que não haveria discursos nessa ocasião, pois essa é norma no STJ. Tempos modernos.
Ao visitar o gabinete do novo ministro Marco Aurélio Buzzi, uma surpresa: prateleiras vazias, corredores limpos e, até mesmo sobre as mesas, a total ausência daqueles costumeiros calhamaços de papéis que formam os processos. No STJ os processos estão todos informatizados. Não há papel; é tudo no computador. Até mesmo a assinatura deles é eletrônica.
Mesmo assim, o ministro confessou que recebeu, para iniciar seu trabalho em Brasília, dez mil processos para despa-char. Acompanho há muito tempo a luta desse bravo novo ministro desde o tempo em que no estado de Santa Catarina era um bom Juiz, depois Desembargador. Notabilizou-se por excelentes trabalhos. Como, por exemplo, sua participação na atividade para implantar no país as Conciliações, uma forma de se agilizar a Justiça. Sua indicação para o STJ foi meritória.
Mas apesar de toda modernidade colocada a disposição do novo ministro essa sobrecarga reflete a atual situação de toda a Justiça brasileira, tão congestionada quanto as rodovias e ruas do país.