Quem mora ou trabalha perto de qualquer escola particular, em qualquer cidade grande ou média do Brasil, conhece o fenômeno. Todos os dias, de manhã, ao meio-dia e no final da tarde, as ruas próximas se enchem de carros que param em fila dupla, sobem nas calçadas e agitam o ambiente urbano com tons desaforados de buzinas. Nesses horários até mesmo pedestres e ciclistas enfrentam enormes dificuldades para sair e circular pelas vias.
As autoridades - há décadas - tentam organizar esse tráfego de papais e mamães motorizados, sem sucesso. Essa doença urbana faz mal aos vizinhos, aos passantes, e também aos jovens estudantes, que perdem assim a oportunidade de conhecer a cidade real, com suas riquezas, belezas e problemas.
No ano passado, porém, uma professora de um colégio localizado no bairro de Higienópolis, em São Paulo, começou a organizar as crianças em grupos para ir à escola a pé. Nasceu assim o coletivo Carona a Pé, que já completou um ano de idas e vindas e tem inspirado outras escolas a iniciarem essa mudança comportamental.
É fato conhecido em todo o mundo que crianças que vão à escola a pé ou de bicicleta chegam mais atentas e dispostas para iniciar as aulas. Afinal, caminhar e pedalar ativam o cérebro e aquecem o coração, revelou um estudo da Universidade de Aarhus, na Dinamarca.
Bicicletas, aliás, estão sendo usadas agora pelo aplicativo UberEats em algumas cidades dos Estados Unidos, inicialmente para a entrega de comida pronta. Em silêncio, a empresa mundial ensaia seus primeiros passos na área de logística leve e já está oferecendo trabalho a quem tenha uma bicicleta e seja capaz de fazer entregas em trajetos com até 5 km. Em breve, a maior parte das entregas urbanas será feita com bicicletas e triciclos, apostam os especialistas na área.
Para quem duvida, sugerimos a leitura de artigo do ArchDaily Brasil, que responde a trinta mitos relacionados ao uso de bikes nas cidades. As informações estão detalhadas no site Cycling Falacies, que merece ser consultado.
Andar a pé e pedalar nas cidades são dois fatores decisivos para a melhoria do ambienteurbano. Reduzem o uso de carros, motos, e até do transporte público, e contribuem para evitar emissões de gases poluentes e excesso de ruído.
Cabe ao poder público fazer a sua parte, como lembra Olimpio Alvares, em artigo no blog Palavra de Especialista. Em poucas palavras, ele cita as leis federais que já exigem a inspeção periódica nos veículos automotores. E lembra que falta apenas coragem aos prefeitos e governadores para cumprir o que manda a lei. Nossos ouvidos, narizes e pulmões agradeceriam e, afinal, pedestres e ciclistas são eleitores e são maioria no país.
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