Os deputados estaduais aprovaram ontem, por 35 votos a 6, a inclusão do modal hidroviário metropolitano e intermunicipal no Sistema Estadual de Transporte Público Intermunicipal de Passageiros de Longo Curso. Com isso, o estado tem a possibilidade de conceder o serviço a empresas de transporte aquaviário.
Depois de o projeto ser boicotado pela base do governo na semana passada, quando muitos governistas retiraram o quórum da sessão, o autor do projeto, deputado estadual Pedro Ruas (PSOL), apresentou um substitutivo ao próprio texto: em vez da criação de um único sistema de transporte hidroviário para todo o Rio Grande do Sul, corrigiu o projeto criando um para a Região Metropolitana e outro para o resto o Estado.
"O projeto cria o modal hidroviário para o transporte coletivo aquaviário, que é muito mais barato e ecologicamente sustentável. É quase gratuito, porque as vias já estão prontas, basta fazer atracadouros em alguns pontos. De qualquer forma, criado modal, cabe ao governo implementá-lo agora", defendeu Ruas.
Entretanto, pouco antes de a matéria ser aprovada, o líder do governo na Assembleia, deputado Gabriel Souza (PMDB), subiu à tribuna para comunicar que "o governo estuda apresentar uma proposta sobre o mesmo tema" - o que, para alguns parlamentares, indicaria que o governador José Ivo Sartori (PMDB) pode vetar o texto do deputado do PSOL.
"Vou honrar o acordo de colocar o projeto em votação, deputado Pedro Ruas. Mas devo liberar a base para votar como achar mais adequado, porque o governo estuda mandar um projeto sobre esse tema", avisou Souza.
"Já há uma conversa de que o governador vai vetar. Espero que não vete. Não vejo motivo para isso", projetou Ruas. E continuou: "Sei que muitas empresas de ônibus são contra esse projeto. Mas é uma alternativa ao transporte rodoviário, talvez uma concorrência, mas não substituição. Em Porto Alegre, o transporte de ônibus e o Catamarã convivem muito bem".
Quando foi ao plenário na semana passada, a matéria tinha o aval do secretário estadual de Transportes, Pedro Westphalen (PP). Mas, na ocasião, o líder do governo na Assembleia, deputado Gabriel Souza (PMDB), justificou a retirada de quórum alegando dúvidas técnicas. Entre elas, se haveria necessidade ou não da criação de dois sistemas hidroviários distintos, o que teria sido contemplado pelo substitutivo.
Leia também:
Projeto de estação hidroviária na orla de POA será debatido hoje (19)
Transporte aquaviário divide opiniões em Florianópolis
Embarcação para transporte de passageiros é testada em Sergipe
Obra de navegabilidade do rio Capibaribe, no Recife, está abandonada