Olimpíada e Paralimpíada põem mobilidade urbana à prova em todo o Brasil. Mas há ganhos, que merecem ser comemorados
Depois que a Renata Falzoni apareceu na tevê empunhando a tocha olímpica, depois que a seleção feminina de hóquei da Holanda decidiu usar o BRT para ir a Deodoro, e depois que o cicloativista Zé Lobo concluiu que a bicicleta vai ser a melhor forma de transporte durante a Olimpíada, não há como ficar de fora desse chamado "espírito olímpico" que invadiu o país.
Os mais céticos lembrarão que os apartamentos da Cidade Olímpica não ficaram prontos, que a Baía a Guanabara continua suja, que os sistemas de transportes da cidade - metrô, VLT e BRT - ainda estão incompletos. De quebra, há o "acidente" com a Ciclovia Tim Maia, que está em obras de recuperação e deve ser reaberta na próxima semana.
Mas, numa perspectiva otimista, há que se reconhecer que de todas as capitais brasileiras o Rio de Janeiro é a cidade que mais está ganhando com o ciclo iniciado na Copa de 2014. Perdemos por 7 a 1 da Alemanha, mas o Rio está recebendo a Linha 4 do Metrô, mais 150 km de BRTs, cerca de 450 km de ciclovias e a coqueluche do momento, o VLT Porto Maravilha, um bonde moderno que começa a cair no gosto dos cariocas. Tanto que já virou “bonde”.
Apesar dos avanços - que devem ficar visíveis quando as obras finalmente forem entregues - sabe-se lá quando - moradores e turistas ainda tropeçam feio na má qualidade das calçadas da cidade. Na semana passada, durante evento do aplicativo Biomob, o tetracampeão mundial de paracanoagem Fernando Fernandes confessou ser quase impossível circular com sua cadeira de rodas pelo Rio de Janeiro por conta dos buracos, degraus e falta de rampas de acessibilidade.
Considerando que Fernandes é um homem muito forte, quase obstinado em vencer desafios, é provável que os para-atletas estrangeiros que vierem ao Rio levem uma imagem não muito positiva da mais famosa cidade brasileira.
A uma semana da abertura dos Jogos, só nos resta torcer para que tudo saia bem, sem traumas, e que o carioca volte a sorrir. Afinal, mais do que nunca, agora o Rio de Janeiro é o Brasil. E somos todos cariocas.
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