VLT em Luxemburgo, trafegando sobre área verde, em harmonia com a paisagem urbana. Foto: CAF Divulgação
A UITP (International Association of Public Transport) divulgou esta semana um estudo que enxerga o mercado global de VLT como um futuro muito promissor. De acordo com a associação, 80 cidades no mundo estão construindo a sua primeira linha, inclusive no Brasil.
As linhas de VLT podem ser encontradas em 53 países diferentes e, juntas, transportam 45 milhões de pessoas por dia em 388 cidades. A UITP afirma que este modal é o ideal para cidades de médio porte que possuem entre 200 a 600 mil habitantes, mas também pode ser utilizado como alimentador de sistemas de maior capacidade, como metrôs e trens de subúrbio, nas grandes metrópoles.
Características técnicas
A composição do VLT possui entre 22 a 60 metros de comprimento, o que torna o modal um bom intermediário para o deslocamento de 3 mil a 11 mil passageiros hora/sentido. Somente sistemas como o metrô, o trem de subúrbio e, em raros casos, o Bus Rapid Transit (BRT) oferece capacidade similar ou maior.
A UITP também afirmou que o VLT é um modal de transporte com velocidade ágil, pode operar nas condições climáticas mais adversas, não polui o meio ambiente por ser totalmente elétrico, e não agride a paisagem urbana.
Bombardier Flexity de Adelaide, na Austrália. Foto: Divulgação
O boom do VLT no mundo
Durante as décadas de 1950 e 1970, muitas cidades no mundo resolveram retirar os trilhos do bonde para dar lugar aos automóveis. Outras, entretanto, optaram em modernizar e atualizar o sistema com novos veículos e vias parcialmente segregadas, dando surgimento ao VLT.
A UITP afirma que em meados dos anos 1980, muitas cidades começaram a investir em sistemas ferroviários de média capacidade, em especial nos Estados Unidos e Europa.
Entre os anos 2000 e 2015, 70 sistemas de VLT foram inaugurados em território europeu e norte-americano. No ano passado, especificamente, 289 km de linhas foram abertas em 19 países ao redor do mundo.
O modal está no portfólio das grandes montadoras ferroviárias, tais como: Alstom (Citadis), Bombardier (Flexity), CAF (Urbos), Stadler (Tango e Metelica), Vossloh, Siemens (Avanto ou S70), etc. No Brasil, a empresa cearense Bom Sinal desenvolve bondes diesel-elétricos e os fornece essencialmente para os sistemas do Nordeste, como o metrô do Cariri.
O VLT de Goiânia é o mais propício a sair do papel. Foto: Divulgação
Projetos de VLT no Brasil
De acordo com dados divulgados no último relatório da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), o Brasil possui cinco projetos de VLT em execução, inaugurados ou em andamento. São eles:
- VLT do Rio de Janeiro, inaugurado no início de junho de 2016;
- Extensão do VLT da Baixada Santista, em SP, em operação desde janeiro de 2016;
- VLT de Cuiabá, no Mato Grosso;
- VLT de Goiânia (implantação);
- VLT de Fortaleza (Parangaba-Mucuripe), em implantação.
O governo federal pretende implantar outros nove projetos de VLT, em especial nas regiões do Nordeste, Brasília e Rio de Janeiro. São eles:
- Modernização e expansão da superintendência da CBTU Maceió;
- VLT de Maceió (Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares-Maceió);
- VLT de Salvador;
- VLT do Eixo Monumental de Brasília;
- VLT da W3 de Brasília;
- Modernização da superintendência CBTU João Pessoa;
- Modernização da superintendência CBTU Recife;
- VLT da zona sul do Rio de Janeiro;
- Modernização da superintendência CBTU Natal.
Todos os projetos citados estão em fase de estudo e não possuem estimativas de valores. A tendência, porém, é que todos os novos sistemas entrem na modelagem PPP (parceria público-privada).
No caso do VLT de Goiânia (Padre Pelágio-Novo Mundo), por exemplo, o grupo Odebrecht Transport venceu a concorrência e será responsável pela operação, concessão e manutenção da linha pelos próximos 35 anos.
Serão investidos R$ 1,3 bilhão para a construção de uma linha de VLT com 13,6 km de extensão, 18 estações, cinco terminais de integração. O grupo Odebrecht pretende comprar 30 trens para suprir o sistema, que tem demanda estimada em 240 mil passageiros por dia.
De acordo com Roberta Marchesi, superintendente da ANPTrilhos, “o mercado de VLT no Brasil é muito promissor, pois trata-se de um sistema moderno, integrador, que se insere nas cidades e se adequa aos mais diferentes tipos de municípios”. A executiva ainda crê que os recém-inaugurados sistemas de Santos e Rio de Janeiro servirão de espelho para futuras linhas.
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