Brasília é uma cidade planejada, mas para os carros, e hoje as pessoas sentem ainda mais esta realidade pelos congestionamentos e poluição.
O plano de Juscelino Kubitschek que “revolucionaria” o Brasil teve obviamente sua importância e não deve-se deixar de lado os méritos do considerado pioneiro da arquitetura modernista brasileira, Lúcio Costa, autor do projeto urbanístico do Plano Piloto de Brasília, que começou em 1956. A cidade foi inaugurada oficialmente em 21 de abril de 1960, um projeto de governo do então presidente Juscelino Kubitschek, desde sua posse em janeiro de 1956.
Apesar de representar modernidade para a época, Brasília é algo que as cidades não precisam ser hoje em dia.
Nesta semana, a Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural divulgou o inédito Inventário de Emissão por Fontes e Remoção por Sumidouros de Gases de Efeito Estufa do Distrito Federal.
Os resultados são surpreendentes pelos números, mas não pela lógica.
Praticamente metade das emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, entre 2005 e 2012 no ar do Distrito Federal vem justamente pelo segmento de transporte.
E pelo tipo de combustível, o grande vilão da poluição é justamente o automóvel, responsável por praticamente 70% das emissões dentro do segmento.
O estudo faz um alerta para a necessidade de ampliação das redes de transportes públicos, com o crescimento da malha de metrô e de corredores de ônibus, que com espaço privilegiado na cidade, ganham eficiência e capacidade, podendo assim convencer mais pessoas a deixarem os automóveis em casa no dia a dia.
O relatório é bem claro ao mostrar que o maior crescimento de emissões pelos veículos ocorreu justamente no período que a indústria automotiva recebeu benefícios fiscais do Governo Federal.
Se por um lado houve planejamento em Brasília, mesmo que privilegiando os carros em vez das pessoas, por outro lado as cidades do Distrito Federal sofrem com a falta de infraestrutura e com crescimento desorganizado ao longo da história, o que impacta também na necessidade de criação de uma malha para os transportes públicos pensando em toda a região e na integração com os municípios próximos que ficam em Goiás.
Inauguração de Brasília, na mesma época que era implantada a cultura do carro como status no Brasil
O Distrito Federal possui uma das maiores relações de veículos por habitantes. São 55 automóveis para um grupo de 100 habitantes.
O problema não é apenas a taxa de motorização, mas o uso que se faz do automóvel. Isso inclui as viagens diárias que poderiam ser feitas em redes de transportes públicos eficientes e até mesmo os pequenos deslocamentos.
O decreto 7390 de 9 de dezembro de 2010, da Presidência da República, determina que até 2020 todas as unidades da Federação reduzam em ao menos 40% as taxas de emissões de gases de efeito estufa. Os transportes coletivos devem estar nos planos para que esta meta seja alcançada.
Plano de mobilidade
No dia 24 de maio de 2016 o governo do DF divulgou o Programa de Mobilidade Urbana do Distrito Federal, o chamado "Circula Brasília". A primeira fase do plano deverá custar R$ 6 bilhões e o valor do total deve chegar a R$ 15 bilhões. Parte desse investimento ( 2,57 bi) será viabilizada por meio de Parcerias Público-Privadas (PPP), parte (1,6 bi) virá do Governo Federal, e o restante do caixa do Governo do Distrito Federal. O cronograma das ações pode ser conferidono site da Agência Brasília.
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