Dados do IBGE indicam a existência de 45 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência física. Considerando que cerca de 30 milhões dessas pessoas vivem em cidades, e somando os milhões de idosos do país, é espantoso que as ruas, calçadas e sistemas de transportes públicos sejam tão mal adaptados a quem se desloca em cadeiras de rodas, com muletas ou bengalas.
Há duas semanas, depois de receber várias observações de leitores e parceiros sobre problemas de acessibilidade nos transportes, fomos a campo com Raquel Paoliello, do blog Acessibilidade Sobre Rodas, para avaliar as condições da Estação Pinheiros, uma das mais importantes conexões da mobilidade urbana de São Paulo. Ali se integram a Linha 4 Amarela do metrô e a Linha 9 Esmeralda da CPTM, que por sua vez dá acesso à Linha 5 Lilás e também à Linha 8 Diamante. O sistema é, ao menos teoricamente, acessível, com rampas, sinalização podotátil, elevadores e até banheiro adaptado. E mesmo os ônibus, que atendem ao terminal anexo, têm piso baixo e pontos para cadeiras de rodas.
Mas há dois problemas que infernizam a vida das pessoas com deficiência. Um é a superlotação dos trens, que chega a dez pessoas por metro quadrado. O segundo é a dificuldade de entrar nos elevadores de acessibilidade, que estão sempre lotados, frequentemente por pessoas jovens, sem qualquer problema de locomoção. E aqui chegamos à palavra-chave "educação". Recentemente algumas cidades, como Fortaleza (CE), Santos, Taubaté e São José dos Campos, estas em São Paulo, decidiram considerar todos os assentos do transporte público como preferenciais. Ou seja, pessoas com deficiência, idosos, mulheres grávidas e pais com crianças sempre terão prioridade. Boa ideia, que nos reporta aos anos 1960, quando tudo funcionava exatamente assim.
Falando em crianças, Irene Quintáns, do Passos e Espaços, destaca o potencial de aprendizado escondido sob o chão das cidades, nas redes de água, telefonia, esgotos, águas pluviais, eletricidade e tantas coisas mais que estão sob os pés dos urbanóides de todas as idades. Saia com seu filho, seu sobrinho, e aproveite para explorar as tampas que escondem essa rede misteriosa no subsolo. É uma boa brincadeira, garante Irene, caminhante convicta.
A propósito, amanhã, sexta-feira, 1º de julho, é dia de ir a pé para o trabalho. A proposta nasceu de uma iniciativa do coletivo CorridaAmiga com apoio de várias organizações que lutam e trabalham pela mobilidade urbana sustentável. O Mobilize apóia e também vai a pé. Convide seus familiares e amigos, e caminhe. Vá #APeAoTrabalho! #Mobilize-se!
Marcos de Sousa
Editor do Mobilize Brasil