No sábado (19), dia da "Pedalada de Salto Alto", a equipe do Mobilize Brasil circulou pelos 3 km da ciclofaixa, ao lado de garotas chiques, com chapéus e lenços esvoaçantes. E conferiu os ganhos e perdas do bairro depois da inovação.
A manifestação foi uma resposta bem humorada dos ciclistas paulistanos à entrevista concedida por uma comerciante ao "Jornal Nacional", da TV Globo, durante reportagem sobre o Estudo Mobilize 2011. Na matéria, ela perguntava: "então, me digam: onde minhas clientes, que são milionárias, irão estacionar seus carros? Elas terão que vir de bicicleta, de salto alto?!"
Nas ruas do bairro, as opiniões se dividiam. De um lado, alguns lojistas pediam a remoção imediata da faixa para bikes, alegando que a prefeitura escolheu a rua errada para o que chamam de "experiência". "Não sou contra as ciclovias, mas acho que aqui na rua (Gaivotas) atrapalha muito o trânsito e dificulta o estacionamento dos clientes", declarou uma senhora que mantém uma loja de produtos para decoração. Outros comerciantes acolheram bem os ciclistas e até instalaram decoração temática para o público de mulheres ciclistas.
Moradores, de forma geral, receberam a ciclofaixa com simpatia e vários deles trouxeram sua bikes para pedalar com as manifestantes de salto alto.
Pedras no caminho
Ciclistas, comerciantes e moradores, porém, concordam que a faixa ainda é muito precária e até perigosa em alguns pontos do trajeto, que tem buracos, ondulações, poças d'água, areia, terra e pedras soltas, o que obriga os ciclistas a saírem da faixa exclusiva. Falta sinalização para orientar pedestres, motoristas e os próprios ciclistas, falha que provoca confusões nas esquinas mais movimentadas.
E como os carros estacionam ao lado da ciclovia, cerca de um metro longe da calçada, alguns motoristas confundem-se, entram nessa fila e pensam tratar-se de um congestionamento. Há ainda o risco de, quando o motorista abrir a porta para sair do auto, atingir o ciclista em movimento, causando um acidente. O perigo existe, tanto que há placas que alertam para este tipo de ocorrência.
Para o ciclista também é estranho circular do lado esquerdo da via, entre os carros estacionados e a sarjeta, mas essa sensação de estranhamento passa logo. O que incomoda é o excessivo ruído de motores, incluindo o dos aviões, que passam rasantes para aterrisar no aeroporto de Congonhas. Enfim, Moema é um bairro barulhento.
O passeio ficou mais calmo quando, já fora da ciclofaixa, cruzamos a avenida Santo Amaro para ingressar no bairro de Vila Olímpia. De lá tomamos o trem da CPTM, depois a linha 4 do metrô. Na estação Pinheiros, tivemos que carregar as bikes por cinco lances triplos de escadarias, o equivalente a um prédio de 12 andares; haja fôlego! De lá subimos até a av. Paulista e voltamos para a rua, pedalando até o centro da cidade. Conclusão do passeio: a região central de São Paulo, àquela hora de sábado, é uma das mais tranquilas para pedalar.
Rota da bicicleta
A ciclofaixa de Moema passa pelas avenidas Rouxinol e Aratãs, entre a rua Araguari e a alameda Anapurus; avenidas Pavão e Iraí, entre a rua Araguari e alameda Anapurus; além da rua Araguari, entre a avenida Pavão e a rua Rouxinol.
Além da ciclofaixa, o bairro de Moema também recebeu uma ciclorrota (sinalização no solo), na qual os veículos compartilham o espaço com as bicicletas.
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