Adesão ao BRT Move frustra meta em BH

Sistema de ônibus perde passageiros, mas Plano BH 2030 ainda prevê mais viagens por transporte público. A não expansão do metrô é outra decepção na capital mineira

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Fonte: O Tempo  |  Autor: Bernardo Miranda  |  Postado em: 09 de junho de 2016

Demanda para ônibus cai em BH, mesmo após o Move

Demanda para ônibus cai em BH, mesmo após o Move

créditos: Divulgação/ Prefeitura de BH

 

Não concretizar a expansão do metrô de Belo Horizonte é hoje a maior frustração do prefeito da capital Marcio Lacerda (PSB). A afirmação foi feita pelo político ontem (8), durante a apresentação do novo Plano Estratégico BH 2030. 

 

A decepção de Lacerda fica ainda maior diante dos resultados de outro importante projeto de mobilidade da cidade, o Move, já que mesmo os quase R$ 1 bilhão investidos no projeto não foram suficientes para aumentar a participação desse tipo de transporte no deslocamento dos belo-horizontinos. Pelo contrário, de 2012 para 2015, a demanda do sistema de ônibus do município caiu 3%, mesmo após o início da operação do Move.

 

Os resultados ameaçam o cumprimento de uma das principais metas de mobilidade do BH 2030, que é chegar até essa data com 70% dos deslocamentos da cidade feitos por meio do transporte público. Em 2012, antes do início da queda de passageiros, esse percentual era de 43%.

 

Em 2012, foram feitas 453 milhões de viagens nos ônibus coletivos da capital. Em 2015, primeiro ano com operação completa do Move, esse número caiu para 438 milhões, mesmo com os 500 mil passageiros transportados diariamente pelo sistema. 

 

Só com o Move

Apesar desse resultado, o presidente da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), Ramon Victor Cesar, acredita que o Move, mesmo sem a expansão do metrô, ainda pode ser capaz de incentivar as pessoas a deixarem o carro para usar o transporte público.

 

“É claro que dá para chegar a 2030 com 70% das viagens de transporte coletivo só com o Move. No corredor da Cristiano Machado, o Move transporta diariamente o mesmo número de passageiros da linha 1 do metrô. O que precisamos é expandir esse sistema para outras regiões da cidade”, defendeu Cesar, que lamentou não ter iniciado as obras do Move na avenida Amazonas e a construção da Estação São José por falta de verbas.

 

Metrô atraria usuários ao Move 

Ao todo, a implantação do Move custou R$ 962,92 milhões. Apesar de trazer uma importante melhoria no transporte coletivo, esse investimento não se traduziu em aumento de demanda, o que poderia ter ocorrido se a expansão do metrô da capital tivesse em andamento. Atualmente, o metrô transporta cerca de 200 mil pessoas por dia.

 

Com a construção da linha 2 (Barreiro/Calafate) e linha 3 (Savassi Lagoinha), o número chegaria a 980 mil passageiros/dia – um crescimento de 390%. Porém, o investimento para viabilizar as obras é bem mais alto que o do Move. Em valores atuais, seriam necessários R$ 7 bilhões.

 

O prefeito Marcio Lacerda elencou o metrô de Belo Horizonte, juntamente com a questão habitacional na cidade, como a ação mais importante da sua gestão que não saiu do papel.

 

Números

A velocidade dos ônibus é outro fator desestimulante ao transporte. 15,4 km/h é a velocidade média dos ônibus da capital. A meta é chegar a 2030 com 24,7 km/h.

 

Dar menos espaço para carros*

Na avaliação de especialistas em transporte e trânsito, não há saída para melhoria do transporte público sem investimento em sistemas que não concorram com o tráfego das grandes cidades.

 

O engenheiro Márcio Aguiar acredita que o Move trouxe uma melhora muito pequena e pontual para o trânsito de BH e, por isso, não houve aumento de usuários no sistema como um todo. “A melhoria repercute apenas em dois corredores, Antônio Carlos e Cristiano Machado. Certamente muitos ainda estão migrando para motocicletas e carros, para substituir o custo alto do transporte público”, argumentou Aguiar.

 

Segundo ele, enquanto não houver um transporte confiável, preciso e rápido, que não concorra com o tráfego, como o metrô e o monotrilho, as pessoas não vão aderir. “Temos uma grande necessidade de investir em um transporte mais eficiente, porque estamos entrando numa cadeia (de motos e carros) cada vez pior”, destacou o especialista. 


*Colaborou Joana Suarez

 

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