Mobilidade sustentável ainda é tabu

Seminário em Campina Grande (PB) avalia o plano de mobilidade aprovado em 2015. No balanço final, sobram obras para carros, mas faltam calçadas e ciclovias

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa / Mobilize Brasil  |  Postado em: 06 de junho de 2016

Seminário faz balanço da mobilidade em Campina Gra

Auditório reuniu cerca de 600 pessoas em Campina Grande

créditos: Divulgação


Campina Grande (PB) é a segunda maior cidade do estado da Paraíba, com cerca de 410 mil habitantes e quase 160 mil veículos, dos quais 77 mil são carros, e 49 mil são motocicletas. Foi uma das primeiras cidades do Nordeste a concluir seu Plano Diretor de Mobilidade e talvez tenha sido a primeira - como afirmam os campinenses - a cumprir essa exigência da Lei 12.587/2012, a da Política Nacional de Mobilidade Urbana. Mais ainda: o PlanMob de Campina Grande definiu que o município realize todos um seminário anual sobre o tema, o Seminário Cidade Expressa, que realizou sua 4ª edição na última sexta-feira (3) no teatro da Fascisa, na metrópole regional da Paraíba.

 

As propostas do PlanMob campinense são coerentes com a política nacional e apontam para uma cidade com menos carros, melhorias no transporte público e estímulos  à mobilidade a pé e de bicicleta. Além disso, a cidade conta com uma equipe de técnicos qualificados, perfeitamente sintonizados com as tendências mais contemporâneas de mobilidade urbana. Para o coordenador do Comitê Técnico de Mobilidade Urbana (CTMU), Anchieta Bernardino, a promoção da mobilidade, da inclusão social e do direito à cidade é um dos principais desafios de Campina Grande nos próximos anos. "O crescimento urbano e da frota de veículos que congestiona ruas e avenidas, gera demandas que pressionam os gestores municipais a administrar uma necessidade crescente de serviços essenciais, mas sem contar com uma estrutura adequada", avalia Bernardino.

 

O Mobilize Brasil foi convidado a fazer a mediação do painel sobre os desafios para a implantação das propostas do PlanMob. Com o auditório quase lotado - eram cerca de 600 presentes - tivemos a oportunidade de debater o tema com Valéria Barros, engenheira responsável pela elaboração do documento, com Fernando Rodrigues Catão, conselheiro do Tribunal de Contas da Paraíba, e Taciana Ferreira, diretora-presidente  da CTTU, de Recife-PE. A engenheira Valéria Barros explicou que o seminário anual foi instituído como forma de garantir a continuidade das propostas do plano, qualquer que seja a linha política dos próximos governos. Assim, frisou a executiva, a cidade de Campo Grande está iniciando um processo de mudança para romper a cultura do carro, muito arraigada na cidade paraibana.

 

Pontos discutidos no  prmeiro painel:

  • Como a cidade pretende melhorar a vida dos pedestres, já que as calçadas da cidade são muito ruins. Por onde e quando vão começar?
  • Há planos para reduzir ou controlar a velocidade do tráfego na cidade?
  • Por que a cidade manteve e até regulamentou mototaxis no Planmob?
  • Ônibus de grande porte, comos dos BRTs produzem ruído e poluição do ar, o que dificulta a vida de pedestres e ciclistas. Há planos para adotar, por exemplo ônibus elétricos na cidade? 

     

Transporte público
O segundo painel daquela manhã foi conduzido pelo o urbanista Nazareno Stanislau, do Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade para Todos (MDT), ao lado de Carlos Batinga (Semob/João Pessoa), Eudo Laranjeiras (Fretonor) e André Dantas (NTU). Na pauta, a questão de como dar prioridade ao transporte coletivo nas cidades. Nazareno lembrou que os  carros transportam cerca de 30% dos passageiros, mas ocupam quase 80% das vias públicas. "Temos que buscar um equilíbrio e abrir mais espaço para circulação de ônibus, pessoas a pé e bicicletas", afirmou o ativista. E lançou um desafio aos empresários de ônibus ali presentes:

"Quando será que os empresarios do transporte passarão também a usar o ônibus em seus deslocamentos diários?"

 

Joáo Pessoa
Carlos Batinga, da Semob de João Pessoa, fez um desabafo e afirmou que o plano, no papel, é muito bonito, mas que na prática as coisas são bem diferentes. Lembrou o caso recente de algumas senhoras que marcaram uma audiência para pedir a retirada de uma calçada que estava dificultando o estacionamento de carros...Outro exemplo: o protesto de alguns comerciantes em um local de estacionamento proibido (mas onde todos estacionam) no qual estava sendo planejada uma faixa exclusiva de ônibus. 


Ao final do encontro, o prefeito Romero Rodrigues tomou a palavra para a seção de prestação de contas dos projetos, ações e obras realizadas durante o ano. O que se viu foram imagens e mais imagens de ruas sendo asfaltadas em vários bairros da cidade. Nenhuma ciclovia, calçada ou faixa exclusiva para ônibus. O uníco sinal de melhora foi a entrega de quinze novos ônibus, dotados de sistemas de geolocalização, o que permitirá a integração com um novo aplicativo de rastreamento dos coletivos. O app deve entrar em operação ainda neste mês de junho.


Novos ônibus entregues em Campina Grande durante o 4º Seminário Cidadde Expressa 


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