O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) divulgou na última quarta-feira (25) os resultados do estudo realizado sobre a queda da Ciclovia Tim Maia, que deixou dois mortos no dia 21 de abril. O presidente do conselho, Reynaldo Barros, classificou o desabamento como uma “sequência incrível de equívocos por todos os órgãos envolvidos”.
"Todos falharam. Toda a cadeia de participação nesse processo falhou. Contratar uma obra desta envergadura com somente três empresas — que demostraram não ter expertise - sem um estudo prévio é um grande erro", afirmou Barros.
Segundo o relatório, os projetos básico e executivo não levaram em consideração que as ondas poderiam atingir verticalmente a estrutura da ciclovia, conforme antecipou a reportagem do jornal O Globo.
Para Barros, a falta de estudos oceanográficos foi uma das principais causas da queda, já que a única referência de cálculo das empresas foi considerar em todos os vãos o efeito de ondas somente até a altura dos pilares, de 2,5 metros.
Além disso, o relatório criticou a falta de avaliação do projeto por um profissional independente. Segundo o representante do Crea, faltou uma opinião imparcial, como exige a norma brasileira de projetos.
"Isso é fruto de um modelo já esgotado de contratação, tanto no Rio como no Brasil. É um equívoco técnico enorme. Quem projeta não constrói, e quem constrói não fiscaliza. O modelo de contratação de obra pública precisa ser revisto em todo o país", defendeu.
Obras
Ele acredita que seja “pouco provável” que as obras sejam finalizadas até o início da Olimpíada, em agosto, conforme anunciou o prefeito Eduardo Paes ao sinalizar a reabertura da ciclovia.
"O tempo vai depender do estudo a ser realizado, do tipo de construção. Tudo é possível, mas sem um estudo preliminar, acho pouco provável que dê tempo. Está muito em cima", disse o presidente do Crea.
O relatório será encaminhado para a Câmara de Engenharia Civil do Crea, que, se julgar necessário, pode encaminhá-lo à Comissão de Ética. Nesse caso, os profissionais serão julgados com direito a ampla defesa e podem ser absolvidos ou receber punição, que vai desde advertência privada ou pública à cassação da carteira. O relatório também vai ser encaminhando para o Ministério Público Estadual e o Federal.
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