Se deslocar em qualquer dia, a qualquer hora ou lugar, na capital baiana, virou uma verdadeira maratona, quase agonizante, sobretudo, se o trajeto for feito de ônibus. Distâncias que há até pouco tempo eram percorridas em 30 minutos, por exemplo, levam agora o dobro de tempo e, muitas vezes, mais que isso. E o detalhe: não precisa ser especialista em trânsito para enxergar a existência de gargalos históricos na cidade.
O senso comum é que faltam medidas mais enérgicas dos poderes públicos do estado e município. Ações simples, como o deslocamento de pontos de ônibus (como o da frente do condomínio Amazônia, na Paralela), são urgentes, da mesma forma que intervenções viárias de pequeno, médio e grande porte, que possibilitem a fluidez na capital.
Hoje, a presidente Dilma Rousseff desembarca na capital para anunciar, ao lado do governador Jaques Wagner, o volume de recursos que o governo federal vai aportar em investimentos em Salvador.
O que se espera é que esse dnheiro possibilite intervenções que destravem o nó que se tornou o complicado ato de ir e vir de baianos e turistas. Os otimistas dizem que haverá tempo hábil para construir a linha 2 do metrô, com 22 quilômetros, ligando Lauro de Freitas (pela Avenida Paralela), à linha 1 (Lapa-Acesso Norte). Isso, até a Copa do Mundo de 2014.
Já os mais pessimistas usam o exemplo do inacabado trecho 1 (que se arrasta há 12 anos) para apostar na impossibilidade de o novo trecho ser concretizado. O detalhe é que o segundo tramo da linha 1, até a Estação Pirajá, sequer foi iniciado.
Na verdade, o governo do estado aposta todas as fichas na construção do novo modal, como ficou explícito durante a apresentação do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) que definiu os parâmetros da mobilidade urbana. A expectativa do secretário de Planejamento, Zezéu Ribeiro, por exemplo, é que o contrato a ser executado através de uma Parceria Público-Privada (PPP) aconteça sem muitas limitações.
O que se espera é que o trecho entre Salvador e Lauro de Freitas (que até o momento não foi falado se começa antes ou depois de Vilas do Atlântico) seja dividido em várias frentes de trabalho, transformando esse percurso num verdadeiro canteiro de obras. O governo garante ainda que haverá controle técnico, institucional e social sobre o trabalho.
Aliado a isso, um dos maiores entraves que se colocavam no projeto (além da indefinição orçamentária que será esclarecida hoje pela presidente Dilma) era o impasse com os empresários de ônibus. Mas, ao que parece, foi construído um grande consenso envolvendo representantes dos modais sobre rodas e trilhos, num consórcio para tocar as obras e gerir conjuntamente o sistema.
Até porque, do total a ser investido, R$1,6 bilhão serão relativos ao metrô, enquanto os outros R$ 800 mil deverão ir para as obras complementares, que envolvem o BRT (Bus Rapid Transit) e o sistema cicloviário que deverá cortar toda a capital.
Outra coisa que precisa ficar clara, e que ainda não se tem a devida informação, são as chamadas linhas alimentadoras do novo metrô. Já foi anunciada, pelo estado, a intenção de construir vias complementares, como a Avenida 29 de Março, ligando a Paralela à BR-324, a Gal Costa e a ligação Retiro-Calçada e Iguatemi-Pituba.
Outro trecho que deverá ser levado em consideração é o que liga a Estação da Lapa à Pituba, passando pela Avenida Vasco da Gama e ACM, devido ao grande fluxo da região. O trem do subúrbio também deverá ser recuperado e ligado ao sistema. A expectativa, agora, é que a construção do novo sistema de mobilidade urbana seja colocada em prática, com a sociedade civil organizada acompanhando de perto sua execução.