A navegabilidade do Rio Capibaribe integra as obras de mobilidade que poderiam melhorar o trânsito da Região Metropolitana do Recife, mas que estão atrasadas. Elas foram pensadas para ficarem prontas até 2014, o ano da Copa do Mundo. No projeto, consta sete estações fluviais que levariam passageiros até o centro do Recife. A obra, que custou $ 100 milhões, está abandonada. Enquanto isso, motoristas, pedestres e passageiros sofrem diariamente com grandes congestionamento.
O Rio Capibaribe corta boa parte da capital pernambucana. Só em dragagem foram gastos quase R$ 80 milhões. O que para a ambientalista Saraya El-deir é um dinheiro perdido. Os barcos não tiram mais os desejos da água e o rio está ficando assoreado novamente.
“Esse dinheiro, certamente, em boa parte, foi perdido porque a natureza tem o processo de retornar o seu estado natural. Então houve um investimento aqui tanto para você limpar toda esta área quanto para desassorear o rio, na realidade, para aumentar um pouco a profundidade do rio. Esse é um processo que não é natural. O que vai acontecer é que as águas vão retornar com esse sedimento”, explicou a ambientalista.
Para o professor de engenharia de trânsito Oswaldo Lima Neto, a navegabilidade do Capibaribe desafogaria o corredor formado pelas avenidas Rui Barbosa e Rosa e Silva. "Retornaria uma coisa que já perdemos na Região Metropolitana do Recife e em muitas cidades do Brasil, que é dizer: 'eu saio daqui e chego lá em 20 minutos' Hoje você sai de casa e não sabe nem se chega em meia hora, uma hora no destino” completou.
Corredor Norte-Sul do BRT
O Corredor Norte-Sul do BRT também compõe o conjunto que forma o Plano de Mobilidade. O contrato para a construção previa um valor de mais de R$ 151.113 milhões. O problema é que a quantia foi aumentando e a obra ainda não foi concluída. O valor pago chegou na casa dos mais de R$ 155 milhões. A previsão é que aumente mais, alcançando os R$ 190 milhões. Um crescimento de, pelo menos, 23% em relação ao previsto.
Muitas estações ainda estão em construção. Mesmo assim, o estado arrumou uma forma e colocou o sistema para funcionar. Improvisada e com vários problemas, em boa parte do percurso os ônibus passam em pistas não exclusivas, fazendo o trânsito virar um caos.
O corredor da BR-101, que serviria de ligação entre os terminais Leste-Oeste e Norte-Sul nem chegou a sair do papel. O erro nada básico de engenharia deixou escapar um gasoduto que passa no meio da rodovia. A descoberta feita pelos engenheiros aconteceu tarde demais e a obra foi inviabilizada.
O terminal de Abreu e Lima, que foi construído para servir o ramal, simplesmente não funciona. Foram quase R$ 15 milhões em obra, além dos R$ 5 milhões gastos para construir passarelas que ninguém passa.
Para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), o erro aconteceu por falha administrativa.
“Dinheiro tinha, era empréstimo que já estava completamente acordado. Então, vamos fazer as obras e muitas dessas obras foram sem traçado completo, foram sem projetos básicos e começaram a ser feitas em nome do tempo da Copa”, apontou a conselheira do TCE, Tereza Duere.
Quem paga a falta de planejamento e compromisso da administração pública é o cidadão que precisa enfrentar longas filas na espera do ônibus. Quando ele chega, o recifense ainda se espreme para garantir um lugar.
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