“País rico não é aquele que pobre anda de carro, é aquele que rico anda de transporte público”. A frase, bastante conhecida entre os que acompanham o tema da mobilidade urbana, foi usada repetidas vezes, por exemplo pelo ex-prefeito de Bogotá Enrique Peñalosa, responsável pela implantação do sistema de ônibus Transmilênio, que opera desde 2000 na capital colombiana, ele também um usuário convicto do transporte público.
O tema é tratado no artigo que o jornalista Adamo Bazani escreveu em seu blog Ponto de Ônibus. Ele comenta o levantamento que circulou em diversos sites de notícias, como no da revista Época, e que em tradução livre intitula-se: “Veja como 7 dos maiores bilionários levam uma vida simples”.
O artigo abre citando o caso do ricaço Ingvar Kamprad, fundador da IKEA, gigante dos móveis na Europa. “No dia a dia, ele usa ônibus para chegar ao escritório, mesmo tendo no banco US$ 39,3 bilhões. Considerado o segundo homem mais rico da Europa, Kamprad almoça na cantina da empresa, ao lado dos funcionários, e seu carro é um Volvo, modelo antigão.” – diz o texto. E prossegue o post:
"Em outras ocasiões, também foram comuns notícias de bilionários e autoridades tendo o transporte público como rotina. Um dos exemplos mais clássicos é do ex-prefeito de Nova York, o empresário de sucesso Michael Bloomberg, que também é visto com frequência em ônibus e metrô indo para o trabalho.
O que para nós é notícia, para o mundo desenvolvido já é algo corriqueiro.
Muitos podem dizer que é claro que esses milionários usam transporte público em suas cidades porque os ônibus trens e metrô prestam um serviço de muito mais qualidade do que se é observado no Brasil de maneira geral.
E é verdade. Afinal estes homens de negócios, cujas decisões impactam diretamente a vida de milhões de famílias em todo o mundo, não poderiam ficar esperando 30 minutos no ponto de ônibus ou entrar em um trem que dá pane a todo momento. Mas estes milionários, mesmo com um transporte público de qualidade, poderiam muito bem usar apenas seus carros e helicópteros.
Também é legítima a afirmação de que o contexto das cidades brasileiras não permitiria que milionários e bilionários usassem o transporte público por causa da violência. Afinal, hoje tem sido comum pessoas perderem a vida por simples celulares, muitos roubados em arrastões dentro de ônibus, estações e vagões.
Mas a questão também não é só essa. Existe nestes países desenvolvidos toda uma estrutura cultural que permite com que os que possuem uma condição financeira melhor enxerguem o transporte público como parte do seu dia a dia.
E além de melhorar a infraestrutura dos transportes, os serviços e a segurança pública, países como Brasil têm uma longa barreira cultural para vencer (...)
Para continuar lendo, acesse o artigo na íntegra no blog Ponto de Ônibus.
*Adamo Bazani é jornalista especializado em transportes
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