Considerada mundialmente modelo de sustentabilidade, a cidade de Curitiba já possui uma frota de 1,3 milhão de veículos e enfrenta severos problemas de trânsito, principalmente no centro, em horários de pico. Para os especialistas, a solução está no transporte público.
Segundo o engenheiro Garrone Reck, professor do Departamento de Transporte da Universidade Federal do Paraná, é urgente “investir na melhoria do serviço de transporte coletivo e aumento de capacidade dos corredores exclusivos de ônibus”. Se o sistema não for priorizado, alerta o professor, ficará cada vez mais ineficiente, enquanto a frota de automóveis prosseguirá crescendo. “Num futuro talvez próximo, teremos de adotar alguma restrição ao transporte individual, única forma de reduzir inevitáveis congestionamentos”, conclui.
Enquanto isso, as obras de mobilidade urbana que devem preparar a capital paranaense para a Copa do Mundo ainda não mostram resultados.
O principal problema, analisa o especialista, não é a falta de planejamento da cidade, mas a falta de “ferramentas modernas para pesquisa, estudo e modelagem de demanda”. E uma ampla pesquisa origem-destino domiciliar que permita conhecer melhor os padrões de viagem da população pelos modos públicos e privados, motorizados ou não”, ressalta.
Garrone questiona obras de longa duração, que não dão conta de resolver problemas de forma mais urgente: “Fala-se da construção da primeira linha de metrô em Curitiba no corredor Norte-Sul. Contudo, com a fase inicial de obras entre 2012 e 2016, só alcançará o trecho sul até o centro. É um projeto de alto custo, com longo tempo de construção. A curto prazo a solução seria investir em aumento de capacidade dos corredores de ônibus”.
Em agosto, a prefeitura anunciou recursos para a compra de 60 ônibus híbridos (coletivos que funcionam com motores diesel ou tração elétrica) nos próximos dois anos. Mas, para os especialistas, além de aumentar a capacidade dos corredores de ônibus e ampliar as plataformas de embarque (estações tubo), um novo plano para a cidade deveria prever soluções sustentáveis e integradas para outros modos não motorizados, como a locomoção a pé e por bicicleta. A prefeitura até afirma que irá revitalizar as ciclovias e ampliar a rede de bicicletas, de 118 km para 400 km, mas não há data programada para estas obras.
Investimentos para 2014
Dois grandes pacotes de investimentos preparam a cidade para a Copa de 2014.
São aproximadamente R$ 360 milhões, distribuídos em 14 grandes obras viárias em várias regiões, dentro de um cronograma planejado para não causar transtornos à população.
O primeiro grupo de obras, já em execução, tem investimentos na ordem de R$ 140 milhões, com recursos do município, governo do estado, Banco Interamericano de Desenvolvimento e da Agência Francesa de Desenvolvimento. Neste primeiro pacote estão a trincheira Bacacheri/Bairro Alto, Linha Verde Norte, binário Chile/Guabirotuba, Anel Viário, rua 24 Horas, av. Marechal Floriano Peixoto (fase 1) e as avenidas Toaldo Túlio e Fredolin Wolf.
Outra obra, já concluída, é a modernização da av. Toaldo Túlio, refeita com asfalto novo, iluminação, calçadas e ciclovia. Junto com a Fredolin Wolf, que está com 60% das obras concluídas, formará uma nova ligação viária entre a BR 277/Santa Felicidade e os parques Tingui, Tanguá e Ópera de Arame.
A parte mais relevante dos investimentos integra os projetos de mobilidade apresentados pela cidade no PAC da Copa, com financiamento do governo federal, por meio da Caixa Econômica Federal. No total, serão investidos R$ 222,2 milhões em sete grandes obras (veja na tabela acima) em Curitiba, com prazo de execução até dezembro de 2013.