Anos atrás Nova York conseguiu atingir a marca de 1% das viagens diárias na cidade feitas por bicicletas. O uso das bikes na vida cotidiana continua aumentando na metrópole e também em várias outras cidades ao redor do mundo, mas os números ainda são tímidos se comparados a cidades como Copenhague, na Dinamarca, ou Amsterdã, na Holanda, onde cerca de 40% dos deslocamentos são feitos de bicicleta.
Se o resto do mundo pedalasse um quarto do que fazem os moradores de Amsterdã, as cidades poderiam economizar cerca de 25 trilhões de dólares, revela um relatório da Universidade da Califórnia-Davis e do ITDP. Nesse caso, as emissões de carbono provenientes do transporte urbano cairiam quase 11%.
"A cidade ciclável pode oferecer mobilidade a custo muito baixo em comparação com uma cidade orientada para o carro", diz Lew Fulton, um dos co-autores do relatório. Para ele, cidades com mais ciclistas e espaços para bicicletas economizariam muito dinheiro, porque teriam que construir menos vias espressas, e também porque as pessoas gastariam menos para comprar veículos ou em estacionamento. O relatório não aborda as economias em saúde pública relacionadas às doenças respiratórias ou geradas pelo sedentarismo, ou ainda os gastos para tratamento de vítimas em acidentes de trânsito, provavelmente outros trilhões de dólares. E também não calculou o quanto as cidades poderiam ganhar em produtividade se as pessoas não estivessem presas, por horas, em congestionamentos.
Agora, à medida que o mundo em desenvolvimento cresce e mais pessoas pensam em dirigir, há uma oportunidade de transferir esses futuros motoristas para bicicletas ou e-bikes, avalia Fulton. "No design urbano temos que pensar mais como cidades europeias e menos como cidades americanas", diz ele. O relatório descreve ações que as cidades podem adotar para incentivar o uso de bicicletas, por exemplo, a partir de programas de compartilhamento de bikes e melhor infraestrutura para quem queira pedalar.
O trabalho aborda especialmente o cenário norte-americano, onde as taxas de ciclistas são baixas, e aponta uma meta de 7% das viagens urbanas diárias: "é uma meta ambiciosa, mas não impossível, já que na maioria das cidades, mais da metade de todas as viagens são inferiores 10 km, uma distância fácil de percorrer para a maioria das pessoas".
Meta: 7% das viagens urbanas de bike
Algumas cidades já estão atingindo as metas estabelecidas no relatório, como Sevilha, na Espanha, onde as viagens com bikes aumentaram de 0,5% em 2006 para 7% apenas sete anos mais tarde. Em Nova York, o prefeito Bill de Blasio estabeleceu a meta de 6% de participação do modal bicicletas em 2020. "Acreditamos que essa mudança possa acontecer quase em qualquer lugar do mundo desde que as políticas corretas sejam postas em prática. Ou será que apenas uma dúzia ou vinte cidades do mundo possam se tornar cidades amigas da bicicleta?", desafia Fulton.
Veja a pesquisa completa no link https://www.itdp.org/wp-content/uploads/2015/11/A-Global-High-Shift-Cycling-Scenario_Nov-2015.pdf
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