Usuários do transporte coletivo de Belo Horizonte estão insatisfeitos e cobram melhorias do serviço oferecido na capital mineira. É o que indica os resultados de pesquisa feita anualmente com passageiros a pedido da BHTrans. De 1995 para 2015, o percentual de usuários que consideraram o serviço como bom ou ótimo despencou de 35% para 13%, queda de 22 pontos percentuais (p.p.). Já a fatia que o avaliou como ruim ou péssimo avançou de 25% para 47%.
Os dados fazem parte do Sistema de Indicadores da Mobilidade Urbana de Belo Horizonte, o SisMob-BH, uma das ferramentas usadas no projeto Política de Acessibilidade na Mobilidade Urbana de BH – Acessibilidade para Todos. A pesquisa é divulgada pela empresa pública a cada, no máximo, dois anos. Em 2015, na última edição, foram ouvidos 1.350 usuários com idade mínima de 16 anos, que avaliam diversos aspectos do transporte público na capital.
Nota baixa
Numa escala de 1 a 5, eles atribuíram nota média de 2,4 ao transporte coletivo na cidade. O resultado ficou abaixo do apurado há 10 anos (3,11, em 2005) e ao de duas décadas (3, em 1995), na primeira pesquisa. Houve, porém, uma sensível melhora em relação à edição de 2013, a anterior à de 2015. Naquele ano, quando o Move ainda não havia sido implantado, a nota foi de 2,15.
“Embora tenha havido decréscimo na avaliação da qualidade do transporte coletivo por parte dos pesquisados no período citado, a avaliação positiva vem apresentando uma curva ascendente”, afirmou a BHTrans, via e-mail. “Tivemos um pico de avaliação positiva em 2011 e, posteriormente, uma queda em 2013, que acreditamos poder creditar às manifestações ocorridas naquele ano”, acrescentou o texto.
Ainda segundo a empresa, no período mencionado (2013), o ano foi marcado pelas manifestações em diversos estados brasileiros contrárias ao aumento das tarifas e pela melhoria da qualidade do transporte coletivo. “Esse fato repercutiu na avaliação feita na pequisa, no fim de 2013. No entanto, nota-se, na pesquisa seguinte (2015), uma retomada de crescimento na curva de avaliação geral”, afirmou.
Reclamações
Para o aposentado Antônio Lourenço, de 69 anos, muita coisa precisa mudar no transporte coletivo. “Neste ponto, por exemplo, deveria ter um abrigo. (Sem a estrutura) a pessoa fica refém do tempo, faça chuva ou sol”, criticou ele, enquanto aguardava, em frente à Santa Casa, um ônibus da linha 3301 que o levaria para casa, no Bairro Santa Terezinha, na Pampulha.
A técnica em enfermagem Célia Werner, de 49, também defende mudanças. Ela aguardou um ônibus, no mesmo ponto, por mais de meia hora: “Os coletivos demoram muito”. Já a passagem, continuou a usuária, “é cara”. A principal tarifa na cidade é de R$ 3,70. As passagens foram reajustadas, em 3 de janeiro, em 8,24%, em média. Cerca de 80% das linhas, segundo a prefeitura, praticam esse valor.
A BHTrans ainda informou que “vem investindo prioritariamente na melhoria do transporte coletivo, como o Move, as faixas exclusivas para transporte coletivo, os radares, as estações de integração”, entre outros.
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