"Pensar o futuro; transformar a cidade". Foi este o mote da primeira edição do concurso de desenho urbano Urban 21, que ao longo de 2015 recebeu trabalhos de várias equipes estudantis de universidades de todo o país. A competição teve o patrocínio da Alphaville Urbanismo e apoio da revista de arquitetura ProjetoDesign (Arco Editorial).
Entre os desafios lançados estavam aqueles relacionados à mobilidade urbana: descongestionar centros urbanos e aumentar suas densidades; facilitar o acesso ao transporte eficiente e aos meios de circulação; gerar energia e ampliar áreas verdes; conectar pessoas e aumentar seu acesso à informação. Pelas regras do concurso, as propostas deveriam trabalhar sobre uma área existente, de no mínimo dez e no máximo 25 hectares, em um município brasileiro com no mínimo 300 mil habitantes.
Primeiro lugar
O projeto vencedor - Distrito em Cena, idealizado por estudantes da Univates, da cidade gaúcha de Lajeado - tomou como área de atuação a região do Baixo 4º Distrito, em Porto Alegre, antigo território industrial em estado de deterioração.
Intervenção quer renovar o 4º Distrito, próximo do estuário do Guaíba (Perspectiva artística)
Pela proposta, a região é transformada em um centro de cultura e lazer, ocupada com equipamentos variados, de modo a aumentar as opções para a população e manter a área ativa durante todo o dia. Outros aspectos do projeto são: preservação do patrimônio histórico, novos usos para fábricas e antigos galpões industriais e, por meio de diferentes estratégias, a busca da melhoria da mobilidade urbana do local, com o incentivo a meios de transporte alternativos, explicam os autores (os alunos da Univates Alexandre Engel Budiner Höllermann, Artur Pretto Junqueira, Karina Taís Krein e Lucas Richardt Medeiros). Para saber mais, acesse o texto no site.
Em segundo ficou o estudo Nova Colina II, desenvolvido por alunos da Universidade de Brasília (UnB), que abordou condomínios, urbanidade e qualidade de vida, buscando sobretudo evitar que o local venha a se tornar um bairro-dormitório.
Opinião do júri
Composta por arquitetos urbanistas e jornalistas especializados, a comissão julgadora do concurso avaliou os 64 trabalhos e elegeu cinco finalistas. Para o arquiteto Marcos Boldarini, um dos jurados, o Urban 21 teve o mérito de proporcionar uma discussão no âmbito acadêmico de questões urbanas que, às vezes, são específicas de determinadas cidades.
Já a arquiteta Adriana Levisky, também da comissão julgadora, avalia que o concurso acabou revelando indiretamente também algumas falhas na formação dos alunos: “Pudemos perceber a enorme heterogeneidade na capacitação que as escolas estão oferecendo sobre o tema, e isso não é positivo.”
Segundo outra jurada, a arquiteta Elisabete França, o concurso teve a importância de conseguir trazer os estudantes para a discussão das cidades, além de dar relevância ao tema do desenho urbano em escalas diferenciadas.
França observa que, no geral, os projetos apresentaram soluções de mobilidade que não a rodoviarista, e consolidaram uma cultura de recuperação ambiental. “Os estudantes estão buscando entender melhor o urbano”, disse.
Já o presidente da Alphaville Urbanismo, patrocinadora do Urban 21, o arquiteto Marcelo Willer, lembrou que o urbanismo nunca havia sido objeto de concurso entre escolas de arquitetura. Também por isso, ele elogia a forma como, de modo geral, as equipes abordaram as questões, mostrando-se atualizadas com temas como mobilidade, sustentabilidade, geração de renda e planejamento ambiental.
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