Mobilidade é o grande desafio das cidades contemporâneas, em todas as partes do mundo. A opção pelo automóvel - que parecia ser a resposta eficiente do século 20 à necessidade de circulação - levou à paralisia do trânsito, com desperdício de tempo e combustível, além dos problemas ambientais de poluição atmosférica, de saúde pública, e de ocupação do espaço público. A mobilidade urbana está diretamente relacionada com a competitividade das cidades e com a qualidade de vida de seus habitantes.
Dada sua complexidade, a gestão da mobilidade urbana demanda soluções inovadoras e criativas, o engajamento da população e o envolvimento de governo, empresas e sociedade civil organizada. As empresas tem uma grande responsabilidade em ajudar a desatar o nó da mobilidade urbana, pois são polos geradores de tráfego. Aproximadamente metade dos deslocamentos diários realizados nas cidades brasileiras tem como destino ou origem o local de trabalho. A forma como essas pessoas se deslocam tem diferentes impactos e consequências para o bairro, para a cidade e para o próprio funcionário. As empresas fazem parte do problema, mas também podem fazer parte da solução.
Por esses motivos, empresas no Brasil vêm se apropriando cada vez mais deste tema e buscando formas mais eficientes de deslocamentos para seus colaboradores e atividades. Ações para racionalizar o uso do automóvel, incentivar o uso de transportes coletivos e não motorizados, e reduzir a necessidade de deslocamentos, estão se tornando mais comuns no meio empresarial. Exemplos dessa mudança de paradigma são medidas como adesão a programas de carona solidária, fornecimento de ônibus fretado, compartilhamento de taxis, escalonamento de horários, subsídios a bilhetes de transporte, instalação de bicicletários e vestiários, estímulo ao home office, e uso do serviço de entregas por bicicleta. Não há uma única solução para as questões de mobilidade, e sim um leque de alternativas.
As empresas podem e devem fazer sua parte, fornecendo alternativas, informações, facilidades e incentivos, se envolvendo na causa e dando exemplo, mas a decisão final de adotar novos hábitos é do colaborador. Por isso é recomendável que as ações venham acompanhadas de uma campanha educativa, que conscientize sobre a importância da mobilidade urbana sustentável, e gere uma mudança de cultura.
A responsabilidade de construir ambientes mais agradáveis e sustentáveis é de todos. E os benefícios também são para todos. Com conhecimento e iniciativa, cada um de nós pode dar uma parcela de contribuição para melhorar a mobilidade urbana e a qualidade de vida em nossas cidades.
* Ricky Ribeiro é diretor do Mobilize Brasil. Este artigo foi originalmente apresentado no Seminário de Mobilidade do Cebeds, realizado em setembro, em São Paulo.
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