Garantir segurança do pedestre, primeiro passo para melhorar o trânsito, defende especialista

Arquiteto espanhol Francesc Ventura i Teixidor falou sobre o tema durante o III Seminário Internacional Mobilidade e Transporte, realizado em Brasília

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Fonte: Agência CNT de Notícias  |  Autor: Natália Pianegonda  |  Postado em: 16 de outubro de 2015

Travessia de pedestres

Facilitar a travessia de pedestres

créditos: Sergio Alberto

 

Garantir a segurança nos deslocamentos a pé é uma variável essencial para aumentar a segurança em todo o sistema de trânsito, na avaliação do arquiteto e urbanista espanhol Francesc Ventura i Teixidor. Presidente da Agrupación Barcelona Movilidad, projeto centralizado na Universidade Politécnica de Catalunha voltado ao desenvolvimento de parcerias, pesquisas e ações para a mobilidade na cidade espanhola, ele diz que, ao melhorar a segurança para os pedestres, há estímulo aos deslocamento não motorizado e ao uso do transporte coletivo, além de ampliar a valorização e apropriação do espaço público.

Segundo o especialista, isso passa por melhorias na sinalização e iluminação noturna. O passo seguinte, diz ele, é reduzir a sensação de insegurança no transporte público, tanto para o usuário do serviço quanto ao próprio sistema, alvo de ameaças criminais e de vandalismo. "Se as pessoas se sentem inseguras, se deslocarão com medo. Ou entre sair e não sair, ou usar transporte ou o privado ou o público, optam por ficar em casa, utilizar o carro, o que implica em não relacionar-se, não conviver", destaca. O resultado é a diminuição da quantidade de pessoas nas ruas, o que também implica em mais riscos aos que transitam a pé, além do aumento de veículos nas vias, cujo efeito é a maior probabilidade de acidentes.

Outro desafio, segundo ele, é reduzir os conflitos pelo espaço nas ruas, garantindo que todos possam utiliza-lo de forma equânime e com menos riscos: pedestres, ciclistas, transporte motorizado coletivo e individual. Para isso, ele lembra que todos devem ter consciência de que quem está a pé e de bicicleta tem prioridade, mas todo mundo possui responsabilidades para redução de acidentes.

Tornar os itinerários a pé mais seguros também demanda uma readaptação dos espaços da cidade, segundo o arquiteto. Ele cita a redução dos limites de velocidade nas ruas, o impedimento de alguns usos - como para estacionamentos - de vias públicas a melhoria dos sistemas de informação e sinalização, calçadas mais largas e com menos desníveis. "Itinerários seguros são uma mistura do desenho urbano com a relação dos indivíduos com o espaço urbano", complementa Francesc. Para isso, diz ele, também são necessárias vias largas, pavimentos bem conservados e com menos desníveis. Os tempos dos semáforos também precisam ser pensados para pedestres.

A disposição do mobiliário urbano é outro fator que ajuda a atrair mais pedestres para as ruas, em detrimento do uso dos carros, explica o arquiteto. O ideal é oferecer ao cidadão uma condição para que ele também se sinta responsável e confortável no espaço público. "Incrementando a beleza e a personalidade do espaço transitado faz você identificá-lo como algo seu. Quando você reconhece o espaço como algo seu, é o primeiro a cuidar, e faz você sentir-se melhor. Quanto mais a rua é um lugar de estar e menos de passar, mais humana e segura será", completa.

Em Barcelona, o Plano de Mobilidade Urbana 2013-2018 tem como objetivo fazer do espaço público um lugar confortável e tranquilo para a mobilidade coletiva e compartilhada, protegendo especialmente os usuários mais frágeis e minimizando os riscos de sua complexa coexistência. Além disso, há o Plano Local de Segurança 2013-2018, que estabelece a meta de reduzir 30% das mortes e 20% dos feridos graves no trânsito até 2020.

O arquiteto espanhol Francesc Ventura i Teixidor foi um dos palestrantes do III Seminário Internacional de Mobilidade e Transportes, realizado pela UnB (Universidade de Brasília) na Câmara dos Deputados. O evento começou no dia 13 e termina hoje.

 

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