Macapá é conhecida como a cidade dos buracos, muitos comparam a capital do estado do Amapá com a lua, devido à grande quantidade de buracos nas vias daqui. “É desviar de um pra cair em outro”, disse uma estudante em entrevista. Então o Jornal do Dia, juntamente com seus leitores, se pergunta: Onde está sendo aplicado o IPVA que o cidadão paga anualmente? Teoricamente, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores não deve ser necessariamente destinado ao asfaltamento e manutenção das vias da cidade, mas o fato é que do valor total arrecadado o governo municipal fica com 50%.
É difícil encontrar uma cidade igual a Macapá em relação à qualidade das ruas. Obviamente que cidade nenhuma do Brasil é perfeita em questão de qualidade dos serviços públicos em geral, porém, em Macapá, não existe via que não tenha buraco. Em outras cidades, pelo menos, as vias principais, aquelas de maior movimentação, recebem atenção redobrada e manutenção constante. O que não acontece em nossa capital.
Esta reportagem recebeu, ao longo desta semana, reclamações de motoristas de carros, motos, bicicletas e também de usuários de transportes públicos, que reclamaram de como se sentem mal após trafegar pelas ruas de Macapá. Sabe-se que algumas pessoas possuem uma doença chamada Cinetose, que consiste em enjoos e náuseas quando se está em movimento, e em Macapá os sintomas são potencializados ou, mesmo sem ter a doença, as pessoas ficam se sentindo mal. São muitas informações para assimilar ao mesmo tempo. Dirigir já demanda extrema atenção, tendo que desviar de buracos, ter cuidado para, nesse desvio, não bater em um pedestre, ciclista, motociclista ou para não sair da pista, isso gera uma confusão mental.
Edineia, motorista há cinco anos, contou que já evitou andar por determinadas ruas devido aos buracos e fica indignada com a situação da cidade. “Tento andar pelas ruas ‘menos piores’, porque uma rua boa não existe aqui”, disse a profissional. Ela afirmou não conhecer outra cidade no Brasil que tenha vias tão ruins como as de Macapá. A estudante Amanda, diz que anda sempre pelas mesmas ruas. “Só ando pelas mesmas ruas, porque já sei onde estão localizados os buracos nelas. Por exemplo, na Eliezer Elevy só ando pela direita, pois desse lado não têm buracos”, contou. Amanda contou também que já caiu em uma “boca de lobo” que estava destampada e que ficou muito nervosa, pois seu carro tem apenas 10 meses de uso.
Outra estudante, que não quis se identificar, contou que em Macapá dirige olhando para o chão. “Macapá é a única cidade no mundo em que dirigimos olhando para o chão, isso é um absurdo. Eu corro o risco diário de bater em alguém. Só falto ficar louca dirigindo aqui, toda vez quando chego em casa estou pra morrer de dor de cabeça, enjoo. Dirigir nessa cidade me causa cansaço mental”, falou a moça. Outra motorista contou: “estou sempre em busca de novos caminhos, que tenham menos buracos e, consequentemente, que me causem menos dor de cabeça”.
Uma usuária de transporte público que está há pouco tempo em Macapá reclamou de como passa mal andando de ônibus aqui. “Já passei mal algumas vezes andando de ônibus em Macapá, eu sou de Belém, andei a vida toda de ônibus lá e isso nunca me aconteceu. Não têm condições aqui, dá muita dor de cabeça, enjoo”, disse a jovem. A cidade é conhecida pela não organização no trânsito, onde bicicletas se misturam em meio aos carros, motos e ônibus; onde pedestres andam pelo meio das ruas, pois as calçadas estão ocupadas por carros ou pelo fato de não existirem calçadas. A questão é que as vias “esburacadas” da capital pioram a qualidade de vida de quem mora aqui e estão afetando diretamente o bem estar do cidadão macapaense.
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