A Câmara Municipal de Curitiba deve votar, no segundo semestre, após o recesso parlamentar de julho, uma proposta que pode mudar significativamente a forma de funcionamento do transporte coletivo na Capital.
O vereador Bruno Pessuti (PSC) apresentou projeto que prevê que as empresas de ônibus de Curitiba possam passar a ser remuneradas de acordo com os quilômetros rodados pelos ônibus, e não mais pelo número de passageiros transportados. A proposta permitiria a implantação da venda de bilhete por tempo de uso e não por viagem. Assim, como já acontece em outras cidades, o passageiro que comprasse esse tipo de bilhete poderia circular livremente pelo tempo estipulado pagando apenas uma passagem, e sem depender de baldeações entre os terminais, como acontece hoje.
Segundo Pessuti, até a licitação do sistema, homologada em 2010, as empresas eram remuneradas por quilômetro rodado. O vereador argumenta que o sistema de bilhetagem eletrônica, que contabiliza os passageiros transportados, não é transparente e teve diversas falhas apontadas na CPI do Transporte Coletivo. “O sistema não é auditado”, completa Pessuti, que foi o relator da comissão parlamentar, em 2013.
“A própria planilha da Urbs calcula o custo do transporte coletivo conforme a quilometragem, e daí esse valor e a média de passageiros são utilizados para calcular a tarifa técnica. Mas o que está acontecendo é que o número de pessoas transportadas está caindo ano a ano, o que gera um aumento proporcional do preço da passagem”, explica. “Se o custo é calculado por quilômetro, a remuneração a quem presta o serviço tem que ser paga conforme essa lógica. É como se o taxista ganhasse por passageiro transportado, e não de acordo com quanto rodou“, compara.
Segundo o vereador, a proposta não aumentaria as despesas do poder público. “As empresas hoje podem burlar o sistema e retirar ônibus de circulação, por exemplo. Ela vai manter o número de passageiros, que vão esperar mais tempo pelo transporte, e reduzir seu custo de operação”, pondera. Segundo o vereador, “é muito mais fácil saber quanto cada ônibus andou e se ele saiu da garagem, já que todos têm GPS”.
Fura-catracas
Outra consequência, defende Pessuti, é que a Prefeitura iria “fiscalizar com mais atenção os ‘fura-catracas’”. O vereador argumenta, ainda, que a medida poderia facilitar a implantação da tarifa temporal, conhecida como bilhete único, já que caberia ao Executivo incentivar o uso do transporte coletivo. “É uma forma de bilhetagem que existe em diversas cidades do mundo. O usuário pode embarcar em tantos ônibus quanto forem necessários, dentro do período de tempo em que for válido. No diário, por exemplo, o prazo é de 24 horas”, sustenta.
Pessuti já é autor de um projeto que prevê a adoção da tarifa temporal em Curitiba, em tramitação há um ano na Câmara.
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