Durante minha estada em Amsterdã resolvi dedicar parte do tempo para conhecer a ciclovia SolaRoad, uma experiência piloto de pavimento que utiliza painéis solares para gerar energia elétrica.
A SolaRoad ocupa apenas a extensão de 70 m de uma ciclovia da cidade de Krommenie, distante 20 km de Amsterdã. Para chegar lá, fiz todo o caminho de bicicleta. Peguei uma balsa para cruzar o canal que separa a parte norte da parte sul da capital holandesa, depois pedalei por ruas tranquilas e ciclovias até chegar ao meu destino.
Nesse trajeto passei por ao menos três cidades. Em nenhum momento precisei pedalar na rodovia ou fui afetado pela poluição sonora e visual dos carros que trafegavam por ela, já que a rota de bicicleta evita as áreas mais movimentadas e em todos os trechos rodoviários próximos às cidades as vias recebem tratamento para amenizar o ruído.
Praticamente todos os ciclistas que entram na cidade de Krommenie vêm pedalando pela SolaRoad. A escolha do local foi estratégica, e permitiu à pesquisa avaliar o quanto o tráfego de bicicletas influencia no pavimento e na captação de energia.
Na realidade, a parte da ciclovia que tem os painéis solares é somente a pista que segue no sentido Amsterdã-Krommenie. O outro lado é utilizado para testar diferentes tipos de pavimento.
Mas por que fazer uma ciclovia que gera energia, ou, por que não instalar um painel solar em outro local que não sofra influência da sombra e das bicicletas (e futuramente dos automóveis - já que o pavimento está em teste para ser aplicado nas vias)?
Energia para a Holanda
Segundo os pesquisadores, mesmo que todos os telhados da Holanda fossem cobertos de painéis solares, a energia gerada por eles não seria suficiente para atender à demanda do país. Assim, utilizar as vias passa a ser uma solução interessante, já que hoje elas ocupam quase 500 km² do país.
Em termos de conforto para o ciclista não notei nenhum problema. O pavimento não é igual ao das ciclovias comuns; é um tipo de vidro, mas os pesquisadores tiveram a preocupação de garantir que ele não escorregue e nem reflita os raios do sol.
A estrutura foi inaugurada em novembro do ano passado. Com seis meses de testes os resultados foram promissores. Segundo os pesquisadores, neste período foi gerada energia suficiente para alimentar uma casa durante um ano, ou abastecer um carro elétrico com energia suficiente para dar 2,5 voltas no globo. Ainda não foi estudada a viabilidade econômica do projeto, mas eles estimam que em 20 anos será possível amortizar os custos de implantação e manutenção, e ainda por cima trabalham para reduzir esse período para 15 anos.
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