SP acorda com mais de 400 tags para o compartilhamento das ciclovias

Coletivos, ciclistas, artistas e catadores juntos pressionam por alteração no decreto que legitima o compartilhamento das ciclovias com catadores de materiais recicláveis

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Fonte: Pimp My Carroça / Mobilize Brasil  |  Autor: Du Dias / Mobilize Brasil  |  Postado em: 03 de junho de 2015

Tag no piso da ciclovia da av. Cruzeiro do Sul, zo

Tag no piso da ciclovia da Cruzeiro do Sul, zona norte de SP

créditos: Marcos de Sousa Mobilize Brasil

 

Na noite desta terça-feira (2), mais de 25 km de ciclovias e ciclofaixas paulistanas receberam aproximadamente 400 sinalizações com desenhos de carroças e a hashtag #Reciclovia

 

A intervenção é fruto de uma ação coletiva realizada simultaneamente por diversos grupos em vários pontos da cidade e tem como objetivo alterar o Decreto 55.790/14, da Prefeitura de São Paulo, que autoriza o uso das ciclovias por triciclos, skates, cadeiras de rodas e outros veículos de tração humana, mas não menciona explicitamente as carroças.


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O movimento começou a partir do Pimp My Carroça, iniciativa que dá visibilidade aos catadores de materiais recicláveis por meio da arte, com o apoio de ciclistas, catadores, artivistas e outros coletivos. São aproximadamente 16 mil catadores independentes que trabalham em condições vulneráveis, ajudando a coletar parte das 20 mil toneladas de resíduos produzidas diariamente na cidade de São Paulo*. No entanto estes profissionais ainda são praticamente invisíveis em nossa sociedade, especialmente perante o poder público.

 

Trabalham expostos aos riscos do trânsito, sem segurança, e ainda dependem da interpretação de cada agente ou cidadão para poder usar ou não as vias públicas sem que sejam recriminados. Segundo os promotores da ação coletiva, muitos catadores já passaram por situações extremas de hostilidade, como é o caso do Gabriel Santos: “A carroça é um veículo não poluente, sem bateria, não usa água; só arroz e feijão. O motorista de ônibus odeia a gente; eles gostam de tirar uma fina por brincadeira. Os motoristas de carro estão começando a respeitar mais, pelo menos na região central”, afirma Gabriel.

 

Enquanto as alterações no decreto não são efetivas, integrantes do movimento garantem que continuarão atuando de forma incisiva para que o direito de ir e vir seja uma realidade para os carroceiros, e para que haja um trabalho de formação de fiscais e agentes de trânsito, garantindo maior respeito na utilização das ciclovias pelos catadores de materiais recicláveis. 


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O artivista Mundano, um dos idealizadores do Pimp My Carroça, defende o trabalho dos catadores. “O catador faz três grandes serviços para a sociedade, todos não remunerados: a limpeza pública, a coleta seletiva e a logística reversa. E mesmo contribuindo com a cidade, ainda precisa lidar com a falta de reconhecimento pelo seu trabalho”, explica.

 

O cicloativista Daniel Guth defende a iniciativa de dividir as vias com os carroceiros. Para ele esta é uma maneira de tornar a cidade mais humana, inclusiva e segura para os catadores de materiais recicláveis. “Promover a inclusão plena dos carroceiros na cidade é fundamental e tanto o decreto quanto as estruturas cicloviárias podem ser o início deste processo. Para os ciclistas, compartilhar as ciclovias é natural”, conclui o ativista.

 

Para contribuir com o #Reciclovia e pressionar a Prefeitura para que o Decreto 55.790/14 seja alterado, todos podem participar e compartilhar a campanha no site Panela de Pressão

 

Nela, um e-mail será encaminhado ao  secretário municipal de Transportes de São Paulo, Jilmar Augustinho Tatto, e o secretário adjunto, José Evaldo Gonçalo, solicitando a inclusão das carroças no Decreto. Também é possível acompanhar as fotos da ação no site: instagram.com/explore/tags/reciclovia

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*Dado retirado do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, publicado no site da Prefeitura de São Paulo 

 

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