O ajuste fiscal promovido pelo governo federal, após anos de gastos públicos que resultaram no risco de endividamento da máquina, a recessão econômica (agora admitida pelo governo com projeção de queda no PIB) e casos graves de corrupção como na Petrobras, descoberta pela Operação Lava Jato, vão causar a perda de 20,2% de investimentos no setor de mobilidade urbana em 2015.
A projeção é da Inter.B Consultoria, com base em dados do próprio governo federal.
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão anunciou no final de maio corte de R$ 69,9 bilhões, como parte do ajuste fiscal para equilibrar as contas públicas e gerar capacidade ao governo de pagar ao menos os juros da dívida, alcançado superávit primário.
Deste total de cortes, R$ 25,9 bilhões são do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, responsável pela maior parte dos financiamentos de novas linhas de metrô, VLTs – Veículos Leves sobre Trilhos, corredores de ônibus entre outras obras.
Em relação à infraestrutura, que engloba mobilidade urbana e ações como ampliação de portos e aeroportos, rodovias e ferrovias, saneamento básico e iluminação, os corte de recursos devem atingir até o final do ano 19% do total previsto, havendo uma perda de R$ 25,2 bilhões em relação ao que foi investido em 2014. Assim, os investimentos do governo federal nestas melhorias não devem passar de R$ 105,7 bilhões.
Especialistas antes indicavam uma maior participação do setor privado como alternativa para esta redução de investimentos. Mas agora nem este parece ser o caminho mais certo. Isso porque, com a retração da economia, o setor privado também está sem capital para investir.
Muitas empresas perderam carteiras de clientes por causa da recessão e agora trabalham para cortar custos, não enxergando um bom momento para fazer aportes.
Em relação à corrupção, há duas realidades. Uma é diretamente relacionada com a Operação Lava Jato. A maior parte das construtoras acusadas de corrupção envolvendo membros do governo federal, do PT e também de outros partidos, foi contratada pelos governos para as obras de mobilidade urbana. Algumas destas empresas hoje se dizem descapitalizadas.
A outra realidade é o clima no meio empresarial. Não há segurança para firmar contratos longos, caros e complexos em meio às instabilidades políticas e até mesmo a uma crise moral na relação entre o poder público e privado envolvendo o dinheiro do contribuinte.
Investidores internacionais, como os chineses que anunciaram uma série de ações no Brasil, dizem que até investem, mas antes o poder público precisa apresentar projetos consistentes.
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