Os atrasos nas obras do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) pioram as condições do trânsito e da mobilidade urbana em São Paulo. A produção do SPTV visitou seis linhas que estão em construção e destacou as promessas não cumpridas pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB) para ampliação da malha metroviária e ferroviária na Grande São Paulo.
A dona de casa Elvira Borges mora em frente ao canteiro de obras da futura estação Brooklin, da linha 5- Lilás. E reclama do barulho. “Liguei na secretaria e o moço falou vou ver se quebro o galho pra senhora e ele resolveu. A gente tem que se firme e falar senão a gente não aguenta não”, diz.
Um texto, publicado na página do Metrô na internet no dia 27 de dezembro de 2012, dizia que a expansão da Linha Lilás deveria ficar pronta ainda esse ano.
O prolongamento tem 11 km de extensão e começa na estação Largo Treze, em Santo Amaro, e vai até a Chácara Klabin, na Linha Verde. Mas durante uma visita ao canteiro de obras, no começo de maio, o governador disse que as obras serão concluídas em março de 2018.
Na Zona Leste, o trajeto do monotrilho entre as estações Cidade Tiradentes e Vila Prudente está praticamente pronto, mas faltam as estações. Apenas 2 das 18 estações da linha Prata foram entregues no prazo, em 2014. Isso corresponde a 3 km dos 26 km previstos. A linha ainda opera em fase de testes, das 9h às 14h. Em um vídeo do governo do estado, o ex-secretário dos Transportes Metropolitanos prometeu dez estações para este ano.
O mesmo ocorre com a promessa da linha Jade da CPTM. Durante um discurso em maio de 2012, Geraldo Alckmin afirmou que o expresso aeroporto estaria pronto em 2014 para a Copa do Mundo. A linha vai ligar as cidades de São Paulo e Guarulhos.
A linha Ouro do monotrilho tem trechos praticamente abandonados, onde não se vê nenhum operário trabalhando. E uma das plataformas o ferro parece enferrujado.
“Passo todo dia, esse negócio está parado, não sai”, disse o comissário Maurício Trota.
Por causa das obras, uma faixa da Avenida Jornalista Roberto Marinho está interditada e os motoristas reclamam. “Isso aqui tá uma novela na verdade”, afirmou o motorista Adeilson Freitas.
O prazo para entregar o prolongamento da linha Esmeralda da CPTM, que hoje vai até a estação Jurubatuba, termina no meio deste ano. O trem irá chegar até Varginha e terá mais duas estações.
A linha 4 Amarela começou a ser feita em 2004 e deveria começar a funcionar em 2008. No entanto, sete anos depois, ainda faltam 4 estações para completar menos de 13 km da linha. O consórcio responsável pelas obras não cumpriu o contrato, que foi suspenso. Apenas as estações Higienópolis e Oscar Freire serão entregues. Para concluir as estações São Paulo/Morumbi e Vila Sônia, o estado terá que fazer uma nova licitação.
“A nossa meta é sair de 71 km de Metrô para 100 km até o final de 2014, incluindo o monotrilho, operado pelo Metrô”, afirmou o governador Alckmin em 2011. Apesar da promessa, o Metrô tem atualmente apenas 78,3 km de extensão.
Neste ano, tiveram início as obras da futura linha Laranja, que vai da estação São Joaquim até a Brasilândia. A promessa é que a obra fique pronta em 5 anos.
Outro Lado
O secretário dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, deu novos prazos para as obras em atraso.
"Teremos que relicitar as estações Morumbi e Vila Sônia e entregaremos em 2018 pra população", disse sobre a extensão da linha Amarela.
"Nós tivemos uma ação do Ministério Público dizendo que as licitações tinham um problema de conluio, o que não ficou comprovado. Nós entregaremos 9 estações em 2017 e uma em 2018", afirmou sobre a Linha Lilás.
Sobre a linha 17, o secretário disse que teve um problema de licenciamento ambiental. "Nós tivemos que cumprir 55 exigências pra manter árvores em ordem. Hoje nós temos o trecho estação Morumbi da CPTM e Jardim Aeroporto de Congonhas em plena obras. Nós entregaremos esse trecho em 2017".
Em relação á linha 15-Prata, da CPTM, a alegação também foi com licenciamento ambiental e a nova promessa é que em 2017, 10 estações da linha estarão funcionando.
Em relação à linha Jade da CPTM, o governo diz que espera recursos da União. "O governo de São Paulo briga por uma verba do PAC que foi autorizada em abril de 2014 de R$ 250 milhões para financiamento dos sistemas de sinalização, telecomunicações, e infelizmente esse recurso ainda não veio. Isso é fundamental pra gente ter a linha em funcionamento até 2017, que é o prazo que nos prevemos pra entrega dessas obras", justificou.
E sobre a linha 9-Esmeralda da CPTM, o secretário alegou atraso de recursos do governo federal e que a previsão de entrega é 2017. "Infelizmente essa obra atrasou por conta de atraso em recursos federais. Nós estamos mantendo as obras em andamento com dinheiro do tesouro de São Paulo, mas sem a vinda efetiva dos recursos nos nao vamos conseguir dar um andamento satisfatório".
Em nota, o governo federal disse que a Caixa Econômica está revisando a liberação de recursos para a linha Esmeralda. Já para a linha Jade, no dinheiro só foi contratado para a sinalização, que é uma segunda etapa da obra.
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