Um projeto de lei aprovado na Câmara de Vereadores de Piracicaba (SP) prevê que 5% das vagas destinadas a automóveis deverão ser reservadas para bicicletas em novos condomínios e estabelecimentos comerciais, como shopping centers e agências bancárias.
A proposta ainda aguarda sanção do Executivo, mas é bem-vinda a quem utiliza o veículo como meio de transporte na cidade.
"Qualquer iniciativa que colabore para um uso mais seguro e confortável da bicicleta é extremamente válida", disse a integrante do Grupo de Mobilidade Urbana Sustentabilidade (Grumos), Mirian Rother.
Mírian também é e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada do Cena/Esalq da Universidade de São Paulo (USP). Ela ressalta que Piracicaba necessita melhorar a infraestrutura ciclioviária e que iniciativas que contemplem o ciclista utilitário são importantes.
"Quando pensamos no trabalhador que usa a bicicleta como meio de transporte, medidas como essa ou até a integração de ciclovias a terminais de ônibus, por exemplo, todas teriam impactos positivos para ele, inclusive em termos financeiros", lembrou.
O ciclista e ecólogo Yuri Arten Forte, de 31 anos, também destaca a necessidade do município repensar a mobilidade urbana e avalia a medida proposta pela Câmara de forma positiva.
"Uma das principais mudanças estruturais que qualquer área urbana tem que passar é a quebra do privilégio ao transporte motorizado particular. Trata-se de uma demanda apresentada pela Política de Nacional de Mobilidade Urbana, de 2012", ressaltou.
Proposta
A proposta que considera reservar no mínimo cinco vagas para bicicletas como norma para edificações também inclui a instalação de bicicletário. A propositura é de autoria do vereador Paulo Camolesi (PV), que alterou e acrescentou nova redação ao artigo 128 da lei complementar 206/2007.
O parlamentar destaca a importância de atender uma nova tendência nas principais cidades brasileiras, que é a locomoção por bicicletas. A medida se justifica pela lei 12.587/2012 sobre a Política Nacional de Mobilidade Urbana, em que o deslocamento de pessoas deve ser garantido.
Camolesi acredita que os estacionamentos são estruturas fundamentais para mobilidade nos centros urbanos. O uso de bicicletas, segundo texto publicado no site do Legislativo, "é muito adotado pela população, mas a realidade da cidade não é para esse transporte, já que ainda é insuficiente a infraestrutura para estacionamentos. A falta de segurança dos ciclistas, além de trazer dificuldade, inibe a adesão de novos usuários”, criticou.
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