Depois de uma fase sedentária, em que precisou cuidar de um problema grave na coluna, o baiano Daniel Bagdeve, 38, resolveu pedalar como meio de atividade física. O que ele não esperava é que a bicicleta fosse conquistá-lo, a ponto de o fazer abandonar os 20 anos de carreira profissional na informática.
Há cerca de um ano, ele fundou a empresa Já Fui de Bike, que faz entregas semelhantes a de um motoboy. Entre trabalho e deslocamento pessoal, durante uma semana, o baiano chega a percorrer, aproximadamente, 200 km por toda a cidade.
Daniel é apenas um dos inúmeros baianos que escolheram a bicicleta como meio de transporte. Prova do crescimento dos adeptos deste veículo é o aumento dos grupos de pedal em Salvador. Há dez anos existiam apenas seis equipes na cidade, hoje são 49. A expectativa da Associação dos Bicicleteiros da Bahia (Asbeb) é que, até junho, esse número chegue a 60.
Segundo o coordenador da Asbeb, Maurício Cruz, o número de ciclistas associados na capital baiana chega a 25 mil. "Os usuários da bicicleta estão aumentando significativamente, e a malha cicloviária que está sendo aprimorada tem facilitado essa aceleração. O que é preciso é que as campanhas educativas, já executadas pela prefeitura, sejam intensificadas", pondera.
Iniciantes
Em Salvador, o grupo Bike Anjo executa ações gratuitas voltadas para ciclistas iniciantes. Uma dessas atividades é a realização de palestra sobre condução defensiva para ciclistas, seguida de uma pedalada, na qual o grupo de novatos é acompanhado por guias para praticar o que viu na teoria.
Segundo Daniel Bagdeve, que também integra o grupo, o item mais importante para pedalar nas ruas é ter consciência de que o ciclista é a parte mais frágil na equação "carro + bicicleta" e, independentemente de estar ou não com a razão, é necessário tomar todas as precauções possíveis para reduzir o risco de acidente.
"O ciclista precisa, sobretudo, ter a humildade de colocar o pé no chão e parar a bicicleta sempre que julgar a situação arriscada e, se for necessário, buscar os direitos fazendo isso fora da bike e da rua", destaca Maurício Cruz.
O advogado João Paulo Ribeiro Júnior, 43, que também utiliza a bike como meio de transporte, acredita que um fórum permanente de ciclistas pode auxiliar e melhorar a mobilidade urbana em Salvador.
João Paulo é um dos coordenadores do grupo Mural de Aventuras, que está criando, junto a outras equipes o Fórum CicloSalvador. A primeira reunião já está agendada para 28 de março, no Solar da Boa Vista.
Demandas
Na ocasião, serão discutidas as principais demandas em prol dos usuários de bicicletas. "Para que Salvador seja reconhecida como uma cidade ciclável acredito que precisamos de uma lei específica que nos dê as diretrizes para alcançarmos este fim", diz João Paulo.
Para ele, é necessária a integração entre os modais, com os prédios e estabelecimentos públicos e privados, além de investimentos em ciclovias estruturantes e um fundo financeiro no orçamento público, exclusivo para o desenvolvimento da mobilidade para bicicletas.
Leia também:
Secretário de Mobilidade Urbana de Salvador faz balanço da sua área durante o Carnaval
Salvador, imobilidade em tempos de carnaval
Transporte público deixa a desejar nas capitais brasileiras