Entre 12 grandes metrópoles ao redor do globo, a nova tarifa de ônibus da cidade de São Paulo é a que pesa mais na renda do trabalhador que usa o transporte público para ir e voltar do trabalho.
Segundo cálculo de EXAME.com, por mês, 17,7% da renda de um morador da cidade de São Paulo que recebe um salário mínimo é revertida apenas para o transporte público. Em Paris, a proporção é de 4,45%.
A comparação foi feita com base nos valores dos salários mínimos praticados em 9 países que pertencem à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O gasto com transporte mensal foi calculado tendo em vista o montante que seria despendido para ir e voltar do trabalho nos 20 dias úteis do mês usando o bilhete individual. Os valores foram convertidos para reais na cotação do dia 9 janeiro.
Embora as passagens de São Paulo sejam mais baratas que as praticadas em quase todas as outras cidades, o baixo valor do salário mínimo faz com que quase um quinto da renda seja gasto apenas no trajeto para o trabalho - sem contar outros deslocamentos necessários.
Nova York, por exemplo, tem a tarifa mais cara entre as cidades selecionadas. Na principal cidade dos Estados Unidos, um trabalhador gasta 100 dólares (ou o equivalente a 265 reais, quase o dobro do valor gasto em São Paulo) no deslocamento para o trabalho em um mês. No entanto, isso representa apenas 8% de sua renda caso ele receba apenas um salário mínimo.
Veja na tabela abaixo a comparação entre as cidades brasileiras e outras do mundo:
Cidade | País | Salário mínimo mensal em R$ | Tarifa de ônibus (bilhete individual) em R$ | Gasto Mensal com transporte (R$) | Peso do transporte público no bolso do trabalhador (%) |
São Paulo |
Brasil |
788,00 |
3,50 |
140 |
17,77 |
Rio de Janeiro |
Brasil |
788,00 |
3,40 |
136 |
17,26 |
Belo Horizonte |
Brasil |
788,00 |
3,10 |
124 |
15,74 |
Lisboa |
Portugal |
2.659,19 |
5,62 |
224,8 |
8,45 |
Santiago |
Chile |
1.074,76 |
2,79 |
111,6 |
10,38 |
Cidade do México |
México |
284,87 |
0,72 |
28,8 |
10,11 |
Nova York |
Estados Unidos |
3.343,11 |
6,63 |
265,2 |
7,93 |
Madri |
Espanha |
2.659,19 |
4,70 |
188 |
7,07 |
Tel Aviv |
Israel |
3.168,20 |
4,64 |
185,6 |
5,86 |
Londres |
Reino Unido |
4.483,94 |
6,02 |
240,8 |
5,37 |
Tóquio |
Japão |
3.556,60 |
4,43 |
177,2 |
4,98 |
Paris |
França |
5.051,91 |
5,62 |
224,8 |
4,45 |
Fonte: OCDE/ Levantamento de EXAME.com
Na última sexta-feira, aconteceu o primeiro protesto contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo, que começaram a valer desde terça-feira (6).
O evento foi organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL), grupo que liderou as manifestações de junho de 2013. Os protestos motivaram o prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo Alckmin a revogar o então reajuste de 20 centavos.
Um ano e meio depois, as tarifas voltam a subir com um reajuste de 16,67%.
O próximo evento em São Paulo está marcado para a próxima sexta feira (16).
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