Manaus: mobilidade urbana ainda não saiu do papel

A capital do Amazonas assiste ao crescimento de sua população e dobra sua frota de veículos

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 |  Autor: Portal 2014  |  Postado em: 18 de outubro de 2011

Manaus

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créditos: seconci-manaus.com.br

Com quase dois milhões de habitantes, um crescimento populacional de 28,1% nos últimos dez anos (censo 2010, IBGE), Manaus viu sua frota de veículos dobrar em apenas um ano, segundo dados do Detran-AM, que todos os meses emplaca 200 novos carros.


Como em outros grandes centros, os manauaras são obrigados a sair cada dia mais cedo de casa para não chegar atrasados aos compromissos por causa dos congestionamentos das vias principais da cidade.


"A economia de Manaus se mantém estável há seis anos e isso se reflete no número de empreendimentos imobiliários e carros nas ruas", explica o supervisor de disseminação de Informações do IBGE do Amazonas, Adjalma Nogueira Jaques.


Mas, apesar dos investimentos imobiliários e do crescimento econômico, a infraestrutura da cidade não sofreu modificações. O último viaduto construído pela prefeitura na zona leste da cidade foi entregue em 2009. As principais avenidas que servem para a passagem dos ônibus, como a Constantino Nery, Djalma Batista, Darcy Vargas, Getúlio Vargas e Sete de Setembro não suportam mais o tráfego, numa via que comporta lado a lado automóveis, ônibus, micro-ônibus e motos.


BRT


Para enfrentar o problema, a proposta da prefeitura de Manaus é implementar o sistema BRT (Bus Rapid Transit) de corredor exclusivo de ônibus, para ligar a zona leste da cidade ao centro. O projeto é semelhante ao do Expresso, sistema baseado em ônibus, criado no inicio da década na cidade, e que, em razão de muitas falhas, não foi concluído até hoje.


Os terminais de integração existentes serão adaptados para receber o novo sistema de transporte. A Secretaria Municipal de Infraestrutura informa que a operação do sistema do BRT será automática, ligada a uma central que será construída no terminal da zona leste.


O projeto, que ainda não foi licitado, tem previsão de conclusão em 24 meses. Os R$ 30 milhões destinados às desapropriações necessárias ao longo do corredor estão previstas no orçamento municipal. O projeto segue sob análise na Caixa Econômica Federal há mais de um ano, e a liberação do financiamento depende do encaminhamento de diversos documentos com esclarecimentos sobre a operação.


Monotrilho


Para completar o anel viário da cidade, o governo do Amazonas quer construir um sistema de monotrilho. O projeto já foi licitado, e o consórcio vencedor é composto pelas empresas CR Almeida, Serveng Civilsan e Scomi Engineering, que investirão cerca de R$ 800 milhões do total de R$ 1,4 bilhão que será destinado à obra. Os recursos virão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que no momento analisa o projeto. Não há previsão para o início das obras.


O monotrilho compõe-se de dois corredores: norte-centro e leste-centro. O primeiro fará a ligação entre o bairro da Cidade Nova, o mais populoso de Manaus, ao centro, passando em frente à Arena Amazônia, palco da Copa de 2014 em Manaus. Nesse percurso, haverá sete estações. O outro corretor ligará o bairro São José ao centro, com 12 estações. Apenas o corretor norte-centro deve estar pronto até 2014, informa o governo do estado, mas esse prazo pode ser alterado porque as obras ainda não começaram.


Longo prazo


Para o arquiteto e especialista em planejamento urbano Jaime Kuck, os dois projetos darão resultado, mas apenas no longo prazo. "As soluções propostas até agora são excelentes, mas demoradas demais para responder a uma população que sofre com as péssimas condições do transporte por ônibus e não pode esperar tanto assim."


Ele destaca também o alto custo das propostas. "O monotrilho é eficiente, mas caro e de execução demorada. Já o BRT é viável e mais prático de implantar, já que as plataformas do antigo Expresso poderão ser reaproveitadas. Resolveria em curto prazo o problema do transporte coletivo na cidade", argumenta.


Nas ruas, as opiniões se dividem. O funcionário público Marcos Alexandre da Silva comprou um carro em dezembro do ano passado e, segundo ele, "só mudou de sofrimento". "Eu saía de casa com uma hora de antecedência. Hoje, se não reservar duas horas para me deslocar, chego atrasado", desabafa.


Já a pedagoga Fernanda Marques acredita que os projetos resolverão o problema do trânsito e do transporte público. "Como o transporte não é eficiente, muita gente só vai de carro para o trabalho e faculdade. Quem não quer um meio de transporte rápido e seguro?", pergunta a professora.

 

 

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