Como um Buster Keaton atual, o artista Rodrigo Machado não fala, vai logo à ação. Abre sua maleta de ferramentas e, por exemplo, agachado rente ao piso do Viaduto Santa Ifigência, no centro da capital paulista, vai repondo uma a uma as pastilhas soltas do belo e histórico pavimento (que, diga-se, não resistirá muito mais à frenética pancadaria dos skates). Ou, em outro ponto da cidade, Rodrigo aparece (a cena é sempre registrada em vídeo), abre uma escada e sobe para limpar a fuligem no alto da placa de um ponto de ônibus, observado por um incrédulo senhor que espera sua condução (veja no vídeo abaixo).
Estas e outras intervenções urbanas são o modo como o artista plástico Rodrigo Machado e os cineastas Filipe Machado e Gustavo McNair decidiram brincar de “maridos de aluguel” para a cidade de São Paulo e criaram o projeto Serviços Gerais, no qual realizam pequenos consertos pelas ruas da metrópole paulistana. A questão que levantam é a seguinte: "Na sua casa, se uma lâmpada queima, a grade entorta, a torneira pinga e o vidro quebra, você conserta. Mas por que você passa reto por tudo isso na sua cidade?"
A brincadeira surgiu em 2011 com o objetivo de fazer as pessoas pensarem sobre qual é a relação que elas mantêm com o ambiente. Afinal, a Prefeitura tem seus deveres, mas também cabe ao cidadão zelar por aquilo que é público, entende o grupo. De faixas de pedestres e grades a estátuas e placas, tudo inspira os artistas a realizar uma intervenção urbana.
Em todos os vídeos, Rodrigo Machado chega com sua maleta de ferramentas, realiza o serviço e vai embora. São filmadas as reações das pessoas, que não param para ajudar e raramente perguntam o que ele está fazendo.
Confira algumas das ações já filmadas pelo grupo na página dos Serviços Gerais.
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