O seu carro suja a água que você bebe

Veículos motorizados geram uma poluição que fica sobre o solo e depois passa para a água. Leia o editorial nº 135 do Mobilize Brasil

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa  |  Postado em: 03 de novembro de 2014

Represa Atibainha (SP): cemitério de automóveis

Represa Atibainha (SP): cemitério de automóveis

créditos: Robson Ventura/FolhaPress
 
Nesta semana, vamos tentar não falar de bicicletas. O professor Alexandre Delijaicov (ciclista convicto, ops!) é o autor da proposta para o Anel Hidroviário de São Paulo, ideia que busca substituir parte do transporte de cargas e de passageiros - hoje feita por carros, caminhões e ônibus - por barcaças elétricas que trafegariam pelos rios Tietê, Pinheiros, Tamanduateí e pelas represas localizadas ao sul da capital paulista.
 
O projeto pretende que esse tráfego pela "hidrovia" paulistana seja iniciado desde já, apesar das águas poluídas que correm pelos canais desses rios. O tráfego de embarcações - defende Delijaicov - propiciaria alguma aeração pela movimentação das águas e chamaria atenção da comunidade para esses mananciais tão maltratados ao longo do século 20.
 
Em algumas entrevistas, o arquiteto e urbanista lembra que boa parte da poluição que matou os rios nasce nos motores, freios, pneus e escapamentos dos veículos motorizados. Esse material particulado formado de metais pesados, resíduos de óleos, borrachas, plásticos e amiantos fica sobre o pavimento até ser lavado para o riacho mais próximo e dali para os rios da cidade. É um caldo escuro, pegajoso, visível nos primeiros minutos de chuva, que se junta aos resíduos mais variados e cai nos rios, em todas as cidades brasileiras. Nas últimas semanas, enquanto as torneiras secavam em várias localidades do Sudeste, a imprensa publicava fotos dos reservatórios vazios, em alguns casos repletos de pneus, restos de motores e carcaças de veículos que jaziam sob as águas.
 
A crise da água indica a necessidade urgente de cuidar de qualquer fio de água que exista ao lado de nossas casas, ou sob o asfalto, em uma tubulação. Um boa aposta seria afastar as pistas de tráfego dos rios - reduzir ou eliminar as avenidas marginais - e cuidar das águas, tal como a prefeitura de Seul, na Coreia, fez com o rio Cheonggyecheon, hoje transformado em um balneário urbano. Podemos começar essa mudança agora, mas os resultados virão somente a médio e longo prazo, coisa de dez, vinte anos.
 

Rio Cheonggyecheon, Seul (Coreia do Sul)
Rio Cheonggyecheon, em Seul, Coreia: um canal poluído sob uma via elevada se tornou um parque urbano

 
Como medida de emergência, evite lavar o carro e se puder não o use. Experimente o transporte público e prefira os modos movidos a eletricidade. Ou, então, vá a pé ou de bicicleta (ops!)
 



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