Mais da metade dos acidentes com pedestres acontecem a poucos metros dos pontos de ônibus, em Brasília. Há imprudência de pedestres e motoristas, mas muitas vezes não tem nenhuma passarela para ajudar na travessia.
Um estudo feito pelo Ministério Público e a Polícia Civil mostra que onde não tem passarelas não há atropelamento em um raio de 300 metros. Um exemplo da imprudência e da violência no transito: um deficiente visual idoso é encurralado e atropelado no transito de Brasília.
Brasília, 18h. O ônibus simplesmente para no meio da pista movimentada. O passageiro desce e tenta atravessar. Bate no carro e cai. É ajudado. O motorista primeiro checa o carro depois fala com o idoso que segue adiante. E os adolescentes atravessam na marra. Desviam. Os motoristas buzinam, eles correm. O rapaz está fora da faixa de pedestre, e ainda assim reclama do motorista que vem na avenida.
Um estudo feito no Distrito Federal, por peritos de trânsito, em parceria com o Ministério Público, mostra que há imprudência de todos os lados. Mas, também, falta de estrutura.
Uma rodovia dentro da cidade até tem uma proteção central, para evitar manobras arriscadas. Mas, na mesma via, se a pessoa descer em uma parada de ônibus, faz como para atravessar a rua? Não tem semáforo, os carros vêm em alta velocidade e a passarela mais próxima fica a quatro quilômetros de distância da parada do ônibus. "Sem ela é complicado atravessar”, diz um homem.
Segundo a pesquisa, onde existe passarela não há atropelamento, em um raio de 300 metros.
“Você tem que ter a passarela, onde você reduz as desculpas do pedestre em atravessar em outro local e você tem que ter barreiras físicas também, porque tem gente que mesmo com a passarela insiste em atravessar em uma via de alta velocidade”, afirma Bruno Dellis, presidente da Associação Brasileira de Criminalística.
Onde o pedestre tem que se arriscar, a maioria dos acidentes acontece entre 6h e 10h e no fim da tarde até 22h da noite. Ao todo, 60% dos atropelamentos acontecem a 50 metros de um ponto de ônibus. As vítimas: 89% são homens, porque se arriscam mais.
Bom Dia Brasil: Não tem medo de morrer não?
Homem: Ter, tenho. Mas, a gente tem que atravessar para ir para casa.
No caso das colisões, em 53% dos acidentes, a vítima morreu no local. Em mais de 75% houve consumo de bebida alcóolica. E 8% foram causados por excesso de velocidade, em pistas que precisam de mudanças.
Sobre o atropelamento do idoso mostrado na reportagem, a empresa do ônibus onde ele estava disse que o motorista que permitiu o desembarque irregular será punido.