Em São Paulo, de metrô, trem e bicicleta

A capital trata bem os ciclistas, mas só aos domingos

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Regina Rocha e Marcos de Sousa / Mobilize Brasil  |  Postado em: 11 de outubro de 2011

Ciclovia Conjunto CDHU

Ciclovia Conjunto CDHU

créditos: Regina Rocha e Marcos de Souza/Mobilize Brasil

Todos os dias, após as 20 horas e nos finais de semana, os paulistanos podem transportar suas bicicletas no metrô e nos trens urbanos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Com uma única passagem de R$ 2,90 é possível viajar mais de 100 km entre Mogi das Cruzes, a leste, Jundiaí, ao norte, e Rio Grande da Serra, no extremo sul da região metropolitana.

 

No domingo, 2 de outubro, a equipe do Mobilize  saiu a campo com duas bikes para testar o serviço. Nosso objetivo era chegar até o Parque Ecológico do Tietê, na zona leste da capital, e pedalar na nova ciclovia lá construída.

 

Embarcamos na estação Jardim São Paulo do metrô, que é dotada de rampas e permite acesso bem fácil até o mezanino. Nos bloqueios, fomos atendidos com presteza pela funcionária.

 

Descemos cerca de 30 degraus (é proibido levar as bicicletas nas escadas rolantes e elevadores) e chegamos à plataforma. Embarcamos no último carro (que é o destinado às bicicletas) e seguimos até a estação Luz, onde o metrô se conecta aos trens da CPTM.

 

Na mais velha estação ferroviária de São Paulo, buscamos um trem para a região de São Miguel Paulista, no extremo leste da cidade. Subimos as escadarias para a plataforma (cerca de 80 degraus) e descobrimos que esses trens partem apenas da estação Brás. Daí, aguardamos cerca de 15 minutos, tomamos um trem da Linha Coral e depois de outros 10 minutos descemos no Brás. Lá a espera foi mais longa, cerca de 30 minutos, até o embarque, sempre no último carro, em direção a Calmon Vianna.

 

Essa linha, que segue até o subúrbio de Calmon Vianna, opera com os equipamentos mais antigos da CPTM, trens dos anos 1960 reformados. Aos domingos, quando o número de usuários é menor, a viagem é até confortável.
Trinta minutos depois, descemos na estação Engenheiro Goulart, às portas do Parque Ecológico Tietê. Mais escadas (cerca de 120 degraus) para cruzar a linha férrea e sair na av. Assis Ribeiro, no bairro do Itaim Paulista. Dali, 100 metros de pedal e estávamos no parque.

 

A ciclovia sai do Parque Ecológico na direção leste, margeando a rodovia Ayrton Senna e o rio Tietê. O projeto - de autoria do arquiteto Ruy Ohtake - prevê 70 km de pista até a nascente do rio, em Salesópolis, e mais 70 km de volta a São Paulo pela outra margem. Por ora, estão construídos cerca de 10 km.

 

É uma pista agradável, plana, que cruza áreas de mata e pequenos cursos d'água, conjuntos habitacionais e um campus da Universidade de São Paulo (USP Leste). Passa também ao lado de uma grande estação de tratamento de esgotos, facilmente perceptível pelo fedor que se espalha pelo ar.

 

Os 10 km já abertos ao público não oferecem qualquer infraestrutura de apoio aos ciclistas: não há sequer um bebedouro e nenhum posto para manutenção de bicicletas. Embora recém-implantada, a ciclovia já sofre com deposição indevida de lixo e entulho, queimadas e falta de manutenção: o pavimento apresenta vários trechos fissurados e as mudas de árvores parecem "mortas" por falta de rega.

 

Mesmo assim, acredite quem quiser, o caminho é muito agradável, com belas paisagens e a possibilidade de observar pássaros e alguns mamíferos, como as capivaras, que proliferam na região. O caminho passa perto do acesso ao aeroporto de Cumbica, cruza o início da av. Jacu-Pêssego (ligação com Itaquera e com a rodovia dos Imigrantes) e termina (inexplicavelmente) em uma avenida de duas pistas, que segue, por cerca de mil metros, até o centro histórico de São Miguel Paulista. A pegunta é: por que não completar essa ligação com o bairro e a estação dos trens?

 

Sem ciclovia, passamos a disputar espaço com automóveis e caminhões até chegarmos às proximidades da Companhia Nitroquímica, pioneira ao poluir o rio Tietê, ainda nos anos 1940. Ali já estávamos em São Miguel Paulista e decidimos passar os olhos pela histórica capela de São Miguel Arcanjo, que está restaurada, novíssima, e merece uma visita.

Estação São Miguel

Estação São Miguel

créditos: Regina Rocha e Marcos de Souza/Mobilize Brasil

Seguimos até a estação da CPTM e no caminho pudemos documentar o estado indigente dos abrigos de ônibus urbanos da SPTrans. Velhos, carcomidos pela corrosão, sujos e fedorentos. É assim o serviço de ônibus da maior cidade da América do Sul.

Dez degraus acima ingressamos na estação São Miguel Paulista e pudemos usar os cartões magnéticos do sistema Bilhete Único para entrar na plataforma. Aguardamos 30 minutos na velha estação com plataforma de madeira até a chegada do trem. A nova estação está sendo construída - com belo projeto do Una Arquitetos - mas a obra parece estar parada há algum tempo.

 

Embarcamos, e 35 minutos depois descemos na estação Tatuapé, onde mais oitenta degraus nos esperavam, para cima, e oitenta para baixo. Tomamos novo trem até a Luz. Mais oitenta e tantos degraus para cima e quarenta para baixo e chegamos à plataforma, depois de enfrentar a falta de funcionários para acionar a portinhola de acesso nos bloqueios. Passamos as bikes por cima das catracas, mas se fossemos cadeirantes, a quem recorreríamos?

 

Mais 15 minutos e baixamos as bicicletas na plataforma da estação Jardim São Paulo. Daí, mais escadas e finalmente a rua para pedalar num belo final de tarde de chuva fina.

 

 

 

 

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