Ponte: estrutura natural ou construída pelo homem, que interliga duas porções de terra por sobre a água. Pode interligar, ainda, pontos de difícil acesso, como os dois lados de um precipício. Diz-se também de qualquer tipo de ligação.
Construídas originalmente para ligar ao centro de São Paulo as áreas que ficavam "do lado de lá" de rios e ferrovias, as pontes paulistanas se transformaram em perigosos obstáculos para a passagem de pessoas e veículos sem motor, como as bicicletas, carrinhos de transporte de carga e cadeiras de rodas.
De olho nessas pontes transformadas em barreiras, a Ciclocidade -Associação do Ciclistas Urbanos de São Paulo está iniciando a campanha Adote uma ponte, que visa a melhorar a acessibilidade das pontes e viadutos da cidade para pedestres e ciclistas. A ideia é que as pessoas adotem voluntariamente uma ponte ou viaduto e enviem informações e imagens sobre as condições de circulação de pessoas não motorizadas nesses locais.
A campanha pretende produzir vídeos, fotos e textos que revelem as dificuldade enfrentadas por pedestres e ciclistas nessas estruturas, de forma a sensibilizar a sociedade para a necessidade de melhorar a segurança e o conforto nessas travessias.
Ao final, a documentação será entregue às autoridades com o objetivo de que sejam desenvolvidas ações para a superação dos problemas encontrados.
Pontes se tornam muros
Quem caminha - ou pedala - pela cidade conhece a dificuldade de atravessar as alças de acesso, nas extremidades das pontes. "Essas estruturas foram construídas a partir dos anos 1960 com o objetivo de aumentar a velocidade de chegada (e saída) dos veículos nas pontes. Era a lógica das rodovias de alta velocidade trazidas para dentro das cidades", explica Carlos Henrique Lopes, diretor da Ciclocidade.
Assim, os veículos motorizados - carros, motos, ônibus e caminhões - circulam em alta velocidade e, como não existem faixas de pedestres, semáforos ou qualquer sinalização de advertência, as pessoas são obrigadas a aguardar uma brecha no trânsito e correr para chegar ao outro lado a salvo. A travessia se torna mais fácil nos horários de pico, quando os congestionamentos paralisam o trânsito nas pontes, mas o risco de atropelamentos continua existindo mesmo nessas condições.
A campanha "Adote uma ponte" pretende estimular a melhoria urbana integral das pontes, incluindo a manutenção de calçadas, iluminação pública e paisagismo, além da sinalização, de forma a estimular as pessoas a utilizarem mais essas travessias. "Parte da população tem medo de andar pelas pontes por conta do risco de atropelamentos, quedas e até assaltos, porque essas passagens em geral são mal iluminadas", explica Carlos Henrique.
Para aderir é simples: basta acessar o site da campanha (www.ciclocidade.org.br/adoteumaponte) navegar no mapa e escolher uma ponte ou viaduto, fazendo o seu registro. Ao se tornar colaborador, o voluntário poderá enviar informações sobre as dificuldades que enfrenta em relação a estrutura “adotada”. Valem fotos, vídeos, relatos ou dados sobre o uso e situação da ponte.
As pessoas que aderirem à campanha também poderão utilizar as ferramentas de mobilização da campanha, como panfletos, stêncil para produzir sinalização alternativa, lambe-lambes com mensagens da campanha e, ainda, postagens para compartilhar nas redes sociais.
Serviço:
Campanha Adote uma Ponte
Informações em www.ciclocidade.org.br/adoteumaponte
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