Assunção, capital do Paraguai, enfrenta sérios problemas de mobilidade urbana. Até os anos 1980 a cidade contava com uma pequena rede de bondes (os tramvia), que circulavam pelas ruas mais centrais, mas já não conseguiam atender a novas demandas, de moradores de municípios vizinhos, que formam a região metropolitana, hoje com mais de 2 milhões de habitantes.
O tranvía bela circulando em Assunção, por volta de 1979
A cidade expandiu-se e o sistema não foi capaz de responder com a necessária agilidade: os carros estavam envelhecidos, os trilhos apresentavam problemas de manutenção e mesmo o sistema elétrico de alimentação já não andava bem das pernas. Curiosa e contraditoriamente, os bondes de Assunção foram aposentados exatamente quando o Paraguai passou a contar com a energia abundante e barata da Hidrelétrica de Itaipu. Ao mesmo tempo, ampliou-se a frota de automóveis e de ônibus, em geral velhos coletivos brasileiros ou argentinos adaptados para o uso na capital guarani.
Ônibus urbanos em Assunção (meados de 2014)
Em 2011, durante a gestão do presidente Fernando Lugo, o Ministério de Obras Públicas e Comunicações em parceria com as prefeituras da região metropolitana de Assunção apresentou a proposta de renovar o sistema de transportes da cidade e construir um sistema de corredores de ônibus com cerca de 18 km, com veículos articulados. O projeto inicial previa o uso de ônibus diesel, mas uma enorme pressão por parte da imprensa, de organizações da sociedade e políticos levou à opção final por ônibus elétricos.
Trólebus articulados
Batizado como Metrobus, o projeto prevê estações de embarque inteligentes, dotadas de leitores de cartões magnéticos, o que permitirá o transbordo dos passageiros de um ônibus para outro sem a necessidade de pagar nova passagem, como ocorre hoje na cidade.
Os novos coletivos, cerca de 200 biarticulados e 200 ônibus comuns, serão também dotados de ar-condicionado (Assunção alcança até 47 graus no Verão) e permitirão o transporte de até 300 mil pessoas por dia a uma velocidade média de 25 km/hora. Hoje os ônibus locais fazem cerca de 9 km/hora por conta dos enormes congestionamentos que paralisam a cidade, especialmente em direção à zona norte, onde há um boom imobiliário.
O plano enfrentou pressões da oposição e de setores do empresariado de transportes, já que envolveria uma nova licitação para as linhas, com a exigência de que as empresas adquirissem novos veículos, e sofreu novos reveses após a deposição do presidente Lugo. O novo governo prometera iniciar as obras ainda no primeiro semestre de 2014, mas os trabalhos foram adiados para o início de 2015.
Além da construção dos corredores, o projeto prevê a reurbanização de avenidas, com a implantação de amplos passeios para pedestres e a reconstrução de redes de águas pluviais e de esgotos em várias avenidas de Assunção. O custo estimado das obras é de 212 milhões de dólares.
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