Cinco meses depois que a aposentada Ilma Maria Marcos teve a iniciativa de pintar por conta própria a faixa de pedestres em frente à sua casa, no bairro Carvoeira, a situação de outras travessias em Florianópolis segue sem manutenção e com muitas das sinalizações completamente apagadas. O problema se espalha por diferentes regiões da Capital, incluindo o Centro. Contudo, o bairro que apresenta o maior número de faixas de pedestres em péssimo estado de conservação é o Córrego Grande. Enquanto isso, o Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis), órgão responsável por manter e conservar as faixas de pedestres, está sem diretor de trânsito para tratar do assunto.
A indignação de moradores do Córrego Grande e áreas próximas é tanta que eles entregarão um ofício à prefeitura cobrando providências, informa o presidente da AMJA (Associação de Moradores do Jardim Albatroz), Adriano Roberto Weickert. Ele produz o ofício com imagens e relatos que dão a dimensão do problema, que afeta pedestres e também motoristas. “Estamos elaborando um documento que comprova a precariedade das faixas no Córrego, pois algumas das sinalizações estão completamente apagadas. E a faixa de pedestres deveria ser prioridade, não precisávamos encaminhar ofício para que pintem uma faixa”, reclama.
A principal artéria do Córrego Grande, a rua João Pio Duarte Silva, que corta o bairro e passa em frente a prédios da UFSC, de escolas, posto de saúde e supermercado, tem em dois quilômetros de extensão 18 faixas de pedestres, sendo que 13 precisam de reparos urgentes, pois algumas não têm sequer uma listra demarcada. “Como pedestre, estou exposto aos riscos de atravessar a rua em faixas mal pintadas, mas também sou motorista e enfrento dificuldades no volante por não enxergar as faixas”, destaca o professor Renatus Porath, 65 anos.
Nem em frente à escola faixa de pedestres é visível
Cerca de 600 alunos estudam na Escola da Ilha, na rua Vera Linhares de Andrade, continuidade da João Pio Duarte, localizada pouco depois de uma curva acentuada à esquerda. Ali, por onde diariamente passam centenas de crianças e adolescentes, a faixa de pedestres está com a pintura desgastada pelo tempo.
A manutenção da travessia é urgente, inclusive pelo risco de acidentes graves. Mesmo assim, segundo o diretor da escola, Danilo Prado Garcia, desde que a faixa foi implantada no local, em 2010, nunca mais o Ipuf fez um trabalho de conservação na pintura da sinalização. “A escola foi inaugurada em 2000.
Levamos dez anos para ter a faixa, e agora esperamos pela manutenção dela, que já traz problemas para os alunos”, conta Garcia.
O diretor colocou um funcionário da escola para fazer a “função” de guarda de trânsito. “Ele fica ao lado da faixa nos horários de entrada e saída das aulas, para prevenir que os alunos não atravessem sem segurança, já que muitas vezes os carros vêm rápidos e não percebem a sinalização”, relata.
Aposentada fez o serviço que era da prefeitura
Além do Córrego Grande, também é possível encontrar faixas mal demarcadas e em vias de “sumirem” na avenida Mauro Ramos, no Centro, e em outras ruas do Centro. Na rua Romualdo de Barros, na Carvoeira, onde mora Ilma Maria Marcos, depois que a aposentada decidiu fazer o serviço da prefeitura, funcionários do Ipuf pintaram a faixa.
Sobre a consequência do serviço, Ilma garante que ficou mais seguro para ela e suas vizinhas atravessarem a rua. “Não sei como ficamos tanto tempo com aquela faixa apagada”, diz.
Normas do CTB não são cumpridas
O artigo 71 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) dispõe que “o órgão ou entidade com circunscrição sobre a via deve manter, obrigatoriamente, as faixas e passagens de pedestres em boas condições de visibilidade, higiene, segurança e sinalização”. Esse órgão em Florianópolis, exceto nas rodovias estaduais, é o Ipuf, que está sem diretor de trânsito desde a saída de Adriano Melo, há mais de uma semana. Como a então superintendente Vanessa Pereira entregou o cargo no início desta semana, a reportagem não encontrou ninguém que pudesse falar sobre o assunto.