Por uma cidade com mais bicicletas e menos carros nas ruas. Este foi o principal apelo feito por palestrantes, cicloativistas e amantes da magrela no 3º Fórum de Bicicletas Manaus, encerrado ontem (10) e que durou quatro dias. Durante esse período, os participantes apontaram números e elencaram os desafios para criar na capital amazonense um ambiente de equilíbrio entre ciclistas e motoristas, informou o portal A Crítica.
O maior alerta, destacado pelos participantes, foi o número cada vez maior de veículos motorizados na cidade e as deficiências de infraestrutura para permitir o uso das vias pelos demais modais, ente eles a bicicleta. O contraste é grande.
Apenas no ano passado, 63.867 novos veículos ganharam as ruas da cidade. Desse total, 26.196 foram automóveis contra 24.774 carros emplacados no ano anterior. Significa que, no intervalo de um ano, Manaus viu sua frota de veículos crescer 5,74%. Foram quase 1.500 veículos a mais na comparação com 2012, segundo a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores.
Mudanças de cenário
Dados repassados pela Comissão de Transportes, Trânsito e Mobilidade da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM), também apontam que, por mês, em média, 4 mil veículos novos são licenciados na cidade.
O coordenador do grupo Pedala Manaus, Paulo Aguiar, ressaltou que levantamento realizado em 2013 mostrou que em grandes vias, como a avenida Brasil, o fluxo de ciclistas em um intervalo de 12 horas chegou a 1,2 mil. “É um número representativo e força a reflexão sobre a cidade que temos e a cidade que queremos e ainda sobre o trânsito que queremos”, afirmou.
Entre as medidas para formatar as vias para todos, o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Amazonas (CAU/AM), Jaime Kuck, destacou a importância do envolvimento do poder público para aumentar a adesão a outros meios de transporte e desafogar o tráfego, ocupado essencialmente por carros. Segundo ele, é preciso que os governantes percebam a bicicleta como alternativa para o problema da mobilidade urbana. “Eles precisam notar o grande problema que estamos enfrentando e comprar a causa. É necessário que eles implantem ciclovias, pintem faixas, mas, sobretudo divulguem a importância de termos espaços públicos que possam ser frequentados não apenas por automóveis”, defendeu.
Plano diretor humaniza a mobilidade
Durante o Fórum, alguns exemplos de ações tomadas em outras capitais foram compartilhados. Um deles foi o da cidade de São Paulo. A cicloativista e arquiteta Renata Falzoni lembrou que a capital paulista aprovou recentemente um plano diretor para “humanizar” as vias públicas. “Estamos experimentando uma adaptação de 400 km de ciclovias em um prazo de dois anos”, disse a arquiteta.
Além disso, conforme contou Renata, a Prefeitura de São Paulo tem trabalhado para coibir o estacionamento de carros nas grandes ruas e avenidas da cidade como forma de liberar espaço público para pedestres e turistas. “Nós tínhamos praças no meio de avenidas onde era impossível o acesso pelo fluxo de carros números de veículos estacionados nas ruas. Viramos reféns dos automóveis e a nós cabia apenas o espaço que sobrava”, criticou a cicloativista.
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