Lei que torna preferenciais todos os assentos de ônibus em Fortaleza divide opiniões

Câmara de Fortaleza aprovou lei no último dia 25 de junho. Motoristas relatam casos em que tiveram que intervir para lugar ser cedido

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Fonte: G1 CE  |  Autor: Gioras Xerez  |  Postado em: 11 de julho de 2014

Câmara de Fortaleza aprovou lei no último dia 25 d

Câmara de Fortaleza aprovou lei no último dia 25 de junho

créditos: Reprodução

 

A lei que torna preferenciais todos os assentos de ônibus e vans do transporte público em Fortaleza gera polêmica nas ruas. Grávidas, mulheres com criança de colo, obesos, idosos e pessoas com deficiência física passam a ter prioridade na ocupação dos lugares, segundo regra aprovada em 25 de junho pela Câmara de Vereadores de Fortaleza. Atualmente, os ônibus e vans reservam uma parte dos assentos para gestantes, idosos e deficientes físicos.

 

O presidente da Câmara tem 15 dias úteis para enviar a lei ao prefeito de Fortaleza, que pode sancioná-la ou não. Até a quinta-feira passada (3), o documento não havia sido enviado à prefeitura. Não há nenhum tipo de punição prevista porque a lei precisará ser regulamentada.

 

Para o vendedor Diego dos Santos, 19 anos, a lei é boa, pois lamenta ver mulheres, gestantes e principalmente idosos em pé nos coletivos. "Pego ônibus todos os dias e vejo que muita gente não tem educação para fornecer o seu lugar para quem precisa. Aprovo e espero que seja cumprida", disse o comerciante.

 

A comerciante Edna Santos, 26 anos, também aprova a lei, pois segundo ela, além da jornada durante o dia, a maioria das mulheres ainda tem trabalho quando chega em casa. "As mulheres merecem respeito. Nós trabalhamos duro o dia todo e quando chegamos em casa ainda temos de cuidar de filhos e da casa.  Acho uma boa. Temos de ser valorizada", afirma.

 

Já o estudante de arquitetura, Leonardo Alves, 23, é contra uma parte da lei. Conforme o estudante, as mulheres merecem ser respeitadas, mas devem ter os mesmos direitos do homem. "Eu sempre dei meu lugar para gestantes e idosos. Para pessoas que aparentemente precisam de descanso. Mas dar meu lugar para uma mulher eu não sou a favor. Elas merecem ter os mesmos direitos dos homens. Por isso sou contra", disse.

 

Descaso

Quem convive diariamente com passageiros relata o desrespeito com mulheres, gestantes e principalmente idosos. O motorista Antônio Gilberto, 48, diz que há descaso. Muitas vezes, é possível encontrar vários idosos e gestantes em pé.

 

"O descaso é grande e, às vezes, choca. As pessoas mais desrespeitadas são os idosos e as gestantes. Teve uma vez que subiu uma gestante e vi muitos jovens sentados. Tive que parar o ônibus e obrigar alguém a dar o lugar para a gestante. Parei o ônibus e disse: 'ou vocês dão lugar para ela ou o coletivo não sai', contou o motorista.

 

O colega de trabalho José Lima Oliveira, 32, também conta uma história parecida. Segundo ele, um idoso subiu no ônibus e ficou em pé por cerca 10 minutos. Quando percebeu que ninguém ia dá o lugar, o motorista teve que exigir para alguém ceder o assento para ele.

 

"Foi um absurdo. Já era início da noite e, além de ele ser idoso, ele apresentava um problema na perna. Mesmo assim ninguém cedeu o assento. Achei um desrespeito e tive que parar o ônibus e pedir para alguém se levantar e dar o lugar para o senhor. A lei chegou em boa hora", conta.

 

Projeto de lei

O projeto 0097/2014 é de autoria do vereador Calos Dutra (PROS).  Baseia-se no artigo 8º da Lei Orgânica do Município e no artigo 31 da Constituição Federal. Os dois remetem à competência do município em legislar sobre assuntos de interesse local.

 

No documento, o vereador Carlos Dutra afirma que a lei é importante devido à intensificação do número de abusos e assédios sofridos por mulheres que viajam em pé.

 

De acordo com o texto do vereador, o objetivo do projeto de lei é prático e sem ônus, podendo proporcionar uma mudança de caráter educacional. “O objetivo do projeto em tela é simples e muito prático e praticamente sem ônus. Outro aspecto importante da matéria em tela é justamente o caráter 'educacional da futura norma, que proporcionará uma era de respeito e cortesia para com as mulheres e os demais passageiros com alguma limitação”, diz o texto.

 

De acordo com o projeto do vereador Dutra, as empresas terão 30 dias a partir da publicação da lei para se adequar e tornar todos os assentos preferenciais, o deve ocorrer após a aprovação do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio. As mensagens de reserva de parte dos assentos terão de ser removidas, e devem ser afixadas novas mensagens alertando para que todas as vagas sejam preferenciais.

 

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