Há quarenta anos, Alphaville surgia como uma novidade no país, um loteamento residencial e comercial implantado em área separada do município de Barueri, na Grande São Paulo. Vendido como bairro fechado, seguro e com qualidade de vida, a localidade cresceu e hoje enfrenta o caos no trânsito e problemas de infra-estrutura; problemas que vêm justamente do modelo segregador adotado pelo empreendimento.
Concebido para o automóvel, o bairro descartou o transporte de massa e até as calçadas. Para acesso, duas entradas apenas, pela rodovia Castelo Branco e por Santana de Parnaíba. Resultado são os congestionamento diários, cada dia piores. De "oásis" em meio à periferia, o condomínio exclusivo revelou-se um modelo inviável. Por isso, moradores e poder público vêm buscando se unir em torno de soluções para um futuro melhor.
Refletir sobre estes problemas foi o objetivo do 1º Fórum Expo Cidades Melhores, realizado em março no Centro de Eventos de Barueri. Iniciativa da revista Vero e do jornal Folha de Alphaville, o evento trouxe especialistas em mobilidade urbana, e teve participação de 250 convidados, entre representantes do poder público, empresários e membros da sociedade civil. Dois temas ocuparam as mesas de debate: os planos diretores ("Repensar Barueri a partir do Planejamento") e a mobilidade urbana ("Desafios da Mobilidade Urbana").
Na primeira parte, o secretário de Planejamento e Urbanismo de Barueri, José Eduardo Hyppolito das Neves, anunciou o início do processo de revisão do Plano Diretor de Barueri. Falou também sobre o tema dos planos diretores o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SP), José Armênio Cruz, lembrando que o modelo “new city”, de Alphaville, copiado de várias cidades norte-americanas, incentivava a fuga da cidade como solução para viver e criar os filhos em lugar afastado, confinado e seguro. Mas, acrescentou, o modelo prescindiu do transporte público e da infra-estrutura urbana e agora, analisou o arquiteto, é necessário revê-lo e buscar integrar todos os modais de transporte.
Já o urbanista Kazuo Nakano, que participou no processo de revisão do Plano Diretor da capital paulista, sugeriu o uso de plataformas digitais e mapas colaborativos, e de métodos que permitam ampliar a participação social.
Na segunda parte do evento, o tema mobilidade urbana e os desafios para alcançá-la na região foi tratado pelo representante da ANTP, Luiz Mantovani Néspoli e pelo especialista em segurança do pedestre, Philip Gold.
Por fim, foram debatidos problemas locais, como soluções para minimizar o impacto do trânsito que vem da Castelo Branco, um transtorno cotidiano para quem mora na região. Uma das propostas foi apresentada pelo representante do CCR ViaOeste, Eduardo Camargo, que anunciou o projeto de ampliação das marginais. Resta saber se o alargamento de vias, no caso, terá permanência como solução, ou se não irá estimular ainda mais o crescimento da frota de automóveis. Dados do evento: a população de Barueri aumentou 13,8% em nove anos, enquanto no mesmo período a frota de veículos cresceu 154,2%. Para se deslocar à capital, o morador da região hoje leva uma hora (61 min) de carro, em média, ou 39 minutos, se for pelo transporte coletivo (Origem-Destino / Metrô).
Veja a reportagem (em PDF) da cobertura do Fórum Expo Cidades Melhores, ou na edição de abril da revista Vero.