No seu trajeto diário, o paulistano sofre com o barulho dos carros, o calor do transporte público e das calçadas áridas, com a luminosidade excessiva refletida das fachadas de vidro dos prédios e com outros efeitos ambientais negativos... Sofre, se estressa, adoece... mas, surpreendentemente, não nota, e talvez tenha se acostumado a esse desconforto cotidiano.
A conclusão é dos pesquisadores do Laboratório de Conforto Ambiental da FAU USP (Labaut), que por vários dias estiveram fazendo medições de conforto térmico e acústico em uma área específica da cidade, um quadrilátero da região da avenida Berrini, próximo à Marginal Pinheiros. Além do Labaut, também o Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP foi a campo para, no caso, medir os níveis de material particulado em suspensão, e os efeitos deste tipo de poluente no organismo humano.
A ação, batizada de Safári Urbano, aconteceu durante todo o dia de ontem (15) e integrou o Fit Cities São Paulo, seminário organizado por USP Cidades e Cidade Ativa, com parceria do Mobilize. Orientados pelo Active Design Guidelines, com metodologia adotada pela prefeitura de Nova York, estudantes de medicina e de arquitetura formaram grupos e foram às ruas munidos de prancheta, lápis, máquinas fotográficas e equipamentos de medição para avaliar as calçadas, observando e registrando os diversos componentes do ambiente urbano. A equipe do Mobilize também participou dos trabalhos de avaliação, dando notas às calçadas com os critérios adotados na campanha Calçadas do Brasil, de 2012.
Foi a primeira vez que duas áreas que nem sempre atuam juntas - saúde e urbanismo - juntaram esforços em torno do objetivo de refletir e buscar soluções para uma melhor qualidade de vida nas cidades.
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Safári Urbano - Calçadas
Fit Cities São Paulo