No último sábado (22), dois integrantes da associação BH em Ciclo, que também são conselheiros no Comurb - Conselho de Mobilidade Urbana, realizaram uma visita técnica ao BRT Move, acompanhados de técnicos da BHTrans, a responsável pelo sistema. O objetivo, avaliar a estrutura montada pela prefeitura que permitirá a integração dos dois modos (bicicleta e BRT) e o espaço destinado no interior dos ônibus para as 'magrelas'.
O BRT Move começa a funcionar no sábado, dia 8 de março. Trinta e cinco dos 200 ônibus estão equipados para receber os ciclistas, sendo que cada veículo comportará no máximo duas bikes. O embarque será permitido somente aos sábados, após as 15 horas, e domingos e feriados durante todo o dia.
A questão dos dias permitidos já traz, aliás, a primeira das críticas dos ciclistas. Eles entendem que, ao não incluírem a bicicleta durante os dias úteis, quando a população sai para trabalhar ou estudar, a estrutura montada para o BRT desconsiderou o veículo como meio de transporte. De positivo, nesse aspecto, é a informação, passada aos ciclistas pelo presidente da BHTrans em março, de que as estações do BRT terão bicicletários (mas ainda não se sabe se todas ou quais).
Os representantes da BH em Ciclo, Guilherme Tampieri e Amanda Corradi, levaram suas bicicletas à visita no sábado para fazer a vistoria e testar o esquema de integração do Move. Ao final, a entidade tirou um documento, "Impressões da BH em Ciclo acerca da integração do BRT Move com a bicicleta", listando as impressões dos ativistas, e apontando falhas, assim como sugestões à BHTrans sobre como o serviço poderá ser melhorado.
Ciclistas do BH em Ciclo testam o embarque de bikes do BRT Move
Entre os problemas operacionais presenciados, a entidade destaca a falta de informações sobre o acesso das bikes à estação (por escadas, elevadores?), sobre a implantação de paraciclos nas estações de transferência do Move; a não existência de instruções sobre como usar o espaço destinado às bicicletas, nem nos ônibus nem nas estações. Quanto à estrutura instalada nos ônibus, avaliam que é pouco prática e acessível, e, sendo fixa, exige encaixe preciso, ou seja, está em posição desfavorável ao ciclista.
O olhar atento dos ciclistas percebeu também que bicicletas com pneus mais grossos podem não caber no encaixe e que bicicletas maiores ou com bagageiros, cestas e alforjes podem ser incompatíveis com as dimensões do equipamento. Além disso, como a roda da frente ficará disposta para baixo, bicicletas maiores ou que tenham cesto podem não caber; e ainda o guidão, ficando para baixo, ‘na beirada’, poderá atrapalhar a passagem das pessoas pelo corredor.
Não foi a primeira vez que os ciclistas mineiros tentaram interferir no projeto, e a principal reclamação é que não foram consultados pelo órgão público. No dia 11 de fevereiro, a equipe da BH em Ciclo enviou um ofício ao presidente da BHTrans pedindo mudanças no regulamento do BRT, no que tange à integração deste sistema à bicicleta. "Ainda não obtivemos resposta, mas esperamos que sejam dadas antes do início das operações do BRT. Acredito que nossas proposições corroboram, ainda que de maneira singela, para que a BHTrans alcance a meta - estipulada por ela própria - de 6% de viagens feitas por bicicleta até 2020", analisa Guilherme.
Nas conclusões do relato da visita feito pala BH em Ciclo, a associação faz questão de afirmar que é positiva a possibilidade de inclusão das bicicletas nos ônibus do BRT, mesmo que façam ressalvas e com pontos a serem melhorados, diz o texto. Por fim, pedem à BHTrans que coloque a bicicleta em uma agenda que compreenda, de fato, este veículo como meio de transporte.
Entrevista
Guilherme Lara C. Tampieri, da BH em Ciclo - Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte, conversou com o Mobilize:
- Foi dado algum prazo de resposta à BHTrans sobre o ofício encaminhado pela BH em Ciclo?
O ofício foi entregue no dia 11 de fevereiro, e só o que temos por ora é que foi lido pelo presidente da BHTrans, que solicitou às gerências responsáveis pelo tema que estudem e se posicionem a respeito. Não fixamos prazo, mas esperamos que uma resposta seja dada antes do início das operações do sistema de BRT.
- A possibilidade de embarcar bicicletas no Move já foi previsto desde o início, durante a etapa de projeto do BRT?
Por vezes, temos pouco acesso aos projetos 'iniciais' da BHTrans, ou seja, não sabemos o que, de fato, estava previsto no primeiro projeto do Move no que tange à integração com bicicletas. O que posso garantir é que os ciclistas da cidade não foram chamados a participar desse projeto em momento algum.
- Como será feito o embarque das bikes nos ônibus? Há uma plataforma para acesso ou algo que facilite?
Ainda não sabemos, oficialmente, qual será o método para adentrar os ônibus com as bicicletas. Até onde sabemos, as bicicletas terão de ser carregadas para passarem pelas catracas.
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