A equipe do Bom Dia Brasil (TV Globo) encontrou de tudo na capital federal: poste no meio da rua, asfalto fora de nível e um projeto que deveria facilitar a mobilidade urbana foi atropelado pelo trânsito.
Nem a capital que foi planejada escapou do apagão de bons projetos.
É como reformar a cozinha, mudar os azulejos, para depois de lembrar de que era preciso antes trocar o encanamento.
E no caso do projeto para trazer ônibus articulados para a capital, o governo reconhece que houve falhas lá no princípio, ninguém pensou nos detalhes.
É obra para todo lado. A linha exclusiva de ônibus articulados deve ficar pronta em abril.
São 42 km ligando duas cidades-satélites – Gama e Santa Maria – a Brasília. Licitada em 2009, a obra já consumiu meio bilhão de reais. E passou por adaptações.
O governo do Distrito Federal descobriu, por exemplo, que as estações eram pequenas demais – só cabia um ônibus. Tiveram que ser ampliadas.
Quando circularem pelo Eixão Sul, os ônibus articulados não vão ter mais uma faixa exclusiva. Em um trecho de 8 quilômetros até a rodoviária, no centro da cidade, eles vão dividir espaço com os carros. Aí, o transporte projetado para ser rápido, pode travar nos congestionamentos.
E eles acontecem quase todo dia, na volta para casa. O secretário de Transportes diz que o trecho compartilhado com carros vai atrasar em 4 minutos a chegada em Brasília, mas que ainda vai calcular o atraso no retorno, no fim da tarde.
Ele diz que o problema começou no governo anterior, que permitiu que a licitação fosse feita só com o projeto básico, sem o detalhamento da obra.
“Enquanto não se tiver uma consciência que obra tem que ser licitada com o projeto executivo nós vamos continuar tendo esse problema em todas as obras. Precisamos entender que a cultura de fazer bons projetos é fundamental para o desenvolvimento desse país”, afirma o secretário de Transportes do DF, José Walter Vazquez Filho.
Para o especialista em Planejamento Urbano Benny Schvarsberg, o modelo de planejamento adotado na maioria dos municípios brasileiros permite esse tipo de situação: “Prática, eu diria, de planejamento que é muito sujeita ao improviso, que é muito sujeita ao improviso, porque é muito condicionada pelo calendário eleitoral, é muito premida pelas circunstâncias políticas e que, infelizmente, atravessa todo o tipo de obra pública no Brasil”.
E até obras aparentemente simples refletem a falta de planejamento. As ruas da capital ganharam asfalto novo. O pavimento ficou 5 cm mais alto. Aí, os bueiros viraram armadilha para os motoristas. “Não tem jeito de não cair”, diz um motorista.
E os postes, em Planaltina, perto de Brasília, ficam praticamente no meio da rua. A administração diz que eles foram instalados há décadas, antes da urbanização da cidade.
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