Novas faixas de pedestres que surgem diariamente nas principais avenidas de Manaus "estão tirando a paciência de motoristas que precisam trafegar todos os dias pelos trechos sinalizados", afirma a reportagem do jornal A Crítica, o mais importante da capital amazonense.
O texto, assinado pela jornalista Priscila Serdeira, afirma que o posicionamento das faixas, com menos de 50 metros de distância, pedestres que atravessam fora da área reservada e a falta de sinalização vertical são os principais motivos para o estresse dos motoristas.
Para o taxista Raimundo Rocha, citado na matéria, as faixas colocadas na avenida Álvaro Maia, na zona sul de Manaus, foram planejadas de forma errada. “O ideal é que essas faixas existissem apenas nos locais onde há semáforos seguidas de sinal. Se lá em cima já tem dois sinais com duas faixas seguidas, para quê mais duas aqui embaixo?” indagou. Rocha afirmou ainda que aquela rua é considerada uma das que mais engarrafam, principalmente em horário de “pico”, de 7h às 10h, e de 18h às 20h. “O Boulevard engarrafa demais, porque tem muito pedestre. Se a gente tiver que parar em cada faixa, vai ficar difícil sair daqui...” relatou o taxista.
Inversão de raciocínio
O relato do motorista reflete certa lógica - comum nas cidades - de que os pedestres, ciclistas, cadeirantes e outros seres não motorizados devem ser afastados das ruas, de forma a evitar transtornos ao trânsito. Exatamente o contrário do que fazem hoje as cidades mais avançadas do mundo: tirar carros e abrir espaço para pedestres.
A matéria é correta ao anotar o hábito arraigado dos pedestres brasileiros de arriscar-se em meio ao fluxo dos carros, fora das faixas de pedestres, mesmo correndo riscos: "... Em alguns minutos, várias imprudências desse tipo foram flagradas pela reportagem. Idosas que saíam do Hospital Universitário Gertúlio Vargas, algumas com crianças, se arriscam a fazer a travessia pelo meio dos carros,em vez de caminhar cerca de dois metros até a faixa de pedestres."
Educação ao pedestre
O motorista Paulo Sérgio Candeira aprova as faixas, mas critica o fato de, ainda assim, pedestres insistirem em atravessar de forma irresponsável. “Eu sempre sinalizo o carro para parar, porque acho que isso é ser cidadão, então eu contribuo. Mas me irrito quando vejo gente atravessar fora da faixa. Acho que o pedestre também devia ter consciência. Vemos várias campanhas voltadas ao motorista, mas não vemos incentivo nessas campanhas para a educação do pedestre, acho que está faltando isso”.