Fim da tarde, começo da noite. O trabalhador comum de Londres está sentado no metrô em direção ao noroeste da cidade após um longo expediente. Distraído, lê Charles Dickens, folheia um daqueles jornais grátis que alguém deixou para trás em cima dos bancos ou ouve um disco dos Beatles, no fone de ouvido, quando as portas do vagão se abrem e a seleção alemã de futebol invade o trem.
Soa como uma cena de ficção, mas ela pode muito bem ter acontecido, exatamente assim, na última segunda-feira na capital inglesa. A Alemanha enfrenta a Inglaterra nesta terça e tinha um treino à noite marcado para Wembley, longe do centro e do hotel da delegação, próximo à estação de Embankment, mais ao sul. Por causa do trânsito, pegaram a linha Bakerloo do metrô, fizeram baldeação em Baker Street e foram, pela linha Metropolitan, até Wembley Park.
Segundo o gerente da seleção alemã Olivier Bierhoff, eles pensaram em desistir do treinamento, mas o zagueiro Per Mertesacker, jogador do Arsenal, convenceu os companheiros a usarem o transporte público. “Eu nunca tinha feito isso na minha carreira. Quando a ideia surgiu, Mertesacker ficou animado e assumiu responsabilidade”, afirmou Bierhoff. Alguns atletas até retornaram para o hotel usando o metrô.
Naturalmente, os jogadores assinaram alguns autógrafos e foram alvos de fotos de passageiros, surpresos com a invasão de figuras ilustres nos seus cotidianos. “É sempre bom para os jogadores ter um pouco de normalidade. Foi tudo muito tranquilo, os ingleses são educados”, contou Bierhoff.
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