"Assim ficou pior. E se chover?", questionava o pedreiro Armando Campos, 30, no último dia 16, diante do novo ponto instalado no bairro Imirim, zona norte de São Paulo.
Queixas se repetiram a cerca de 20 km dali e não partiam só de passageiros. "Ontem estava garoando e o pessoal invadiu aqui", contou Henrique Gonçalves, 65, gerente de uma loja de calçados situada em frente a um novo ponto na Vila Carrão, zona leste. "E quando tiver sol forte? Vai ser complicado..."
Antigos abrigos -com teto- deram lugar a postes em ao menos sete avenidas afastadas da região central, segundo levantamento da reportagem.
Quatro delas cortam a zona leste: Conselheiro Carrão, João 23, Mateo Bei e Rio das Pedras. As demais são da zona norte: Deputado Cantídio Sampaio, Imirim e Raimundo Pereira de Magalhães.
"Quando você espera o ônibus, o postinho lhe deixa completamente desabrigado", critica a arquiteta Lucila Lacreta, diretora-executiva do Movimento Defenda São Paulo.
"Isso aí (o poste) é uma indicação de parada, enquanto os abrigo têm a função de proteger o passageiro", acrescenta o arquiteto Marcelo Oliveira, professor do Mackenzie.
Temporário
As substituições foram efetuadas pela Otima, concessionária que assumiu no ano passado a manutenção e a instalação de abrigos e pontos de parada. A tarefa será dela por 25 anos. Em troca, pode arrecadar com a exploração publicitária desses espaços.
Procurada, a Otima informou que o motivo das trocas seria explicado pela SPObras (São Paulo Obras). A empresa da prefeitura é a responsável por acompanhar o cumprimento do contrato.
Uma vistoria, diz a SPObras, indicou que alguns abrigos na cidade apresentavam risco à segurança dos usuários. Por isso, os locais apontados receberam "provisoriamente" o "totem" - nome que a empresa utiliza para se referir aos postes.
"Os respectivos endereços serão oportunamente contemplados com os novos modelos de abrigos", prometeu a SPObras, em nota, sem especificar quando isso ocorrerá.
Até este mês, diz a empresa da prefeitura, houve a instalação de 1.046 novos pontos de ônibus na cidade. Até 2015, a Otima tem de concluir, ao todo, a substituição de 6.500 abrigos e de 12,5 mil totens na cidade.
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