O Bilhete Único Mensal, que o prefeito Fernando Haddad (PT) espera transformar em uma das vitrines de sua gestão, já tem uma cara. Os cartões de plástico trarão impressos cinco marcos turísticos da capital: o Theatro Municipal, o Mercadão, o vale do Anhangabaú, o Pacaembu e o auditório do parque Ibirapuera.
Fotos desses locais, com efeito de "pintura", vão substituir o padrão usado no cartões atuais. A intenção é deixar os cartões mais atraentes.
A nova modalidade vai permitir usar livremente os ônibus municipais por 30 dias, contados a partir do primeiro uso, pelo preço de R$ 140.
O cadastro dos interessados começou em abril. Até anteontem, foram feitos 93,8 mil registros no site da SPTrans (empresa que gerencia o transporte municipal).
A partir da próxima segunda, esses cadastrados e os novos adeptos poderão escolher o local que querem carregar no bolso, no mesmo site.
Fazer o cartão não implica aderir à modalidade mensal.
Além das imagens no fundo, os novos cartões terão uma foto digitalizada do usuário, seu nome e um número de documento oficial.
A identificação será um dos principais mecanismos contra fraudes no uso do cartão, que é pessoal. No verso, haverá uma frase alertando ser proibido o uso por terceiros.
Segundo a Folha apurou, a prefeitura desistiu de implantar a biometria (identificação por meio de digitais). Testes apontaram que a verificação das digitais iria aumentar muito o tempo de passagem nas catracas, o que resultaria em atrasos na operação.
O início do bilhete mensal está previsto para meados de novembro. Segundo a SPTrans, os cartões poderão ser retirados em postos da empresa uma semana antes.
O Bilhete Único atual permite usar até quatro ônibus num período de três horas pagando a tarifa de R$ 3.
Números
Quem usa ônibus para ir e voltar do trabalho em dias úteis, por exemplo, gasta hoje R$ 132 por mês. Já quem faz três deslocamentos diários paga ao menos R$ 198.
Desse modo, a modalidade mensal passa a compensar financeiramente para quem faz mais de 46 viagens por mês, situação de cerca de 10% dos usuários pagantes.
Em número absolutos, são cerca de 400 mil pessoas, o que significa que o número de adeptos ainda pode crescer.
A prefeitura estima que o número pode aumentar conforme o novo cartão se torne mais conhecido, e que pode atrair também quem hoje evita os ônibus no fim de semana por não ter dinheiro.
Pelas contas da gestão, o bilhete mensal aumentará o subsídio ao sistema de transporte em R$ 400 milhões. Neste ano devem ser gastos R$ 1,2 bilhão, valor que subirá para R$ 1,6 bi no próximo ano, segundo o Orçamento.
Para não aumentar os gastos ainda mais, as fotos escolhidas para estampar os cartões não exigem o pagamento de direitos autorais.
O governo do estado ainda não informou se o cartão mensal poderá ser usado no metrô ou na CPTM. Diz que espera estudos para avaliar os impactos financeiros.
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